A Delegacia de Roubo de Cargas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) indiciou, nesta sexta-feira (27), 37 pessoas suspeitas de criarem 50 empresas de fachada no Rio Grande do Sul e de aplicarem golpes no comércio de todo o Brasil. O inquérito será entregue na próxima segunda-feira (30) à Justiça e aponta crimes de estelionato, uso de documentos falsos e organização criminosa especializada em crimes mercantis.
O indiciamento ocorreu pouco mais de um mês após a realização de uma operação policial em 11 cidades gaúchas, quando 21 estelionatários foram presos. Todos foram liberados pela Justiça 10 dias depois da ação. São empresários, funcionários de empresas, laranjas e três contadores.
Segundo o delegado Gustavo Rocha, responsável pela investigação, os suspeitos se dividiram em dois núcleos, um na Região Metropolitana de Porto Alegre e outro no Litoral Norte, para aplicar golpes em várias empresas de todo o Brasil. O prejuízo, em apenas 11 delas, passa de R$ 3 milhões.
— Uma mulher paranaense era a principal articuladora do esquema em Porto Alegre. Inclusive, já foi presa pela Polícia Federal em investigações semelhantes à nossa em São Paulo, Santa Catarina e aqui mesmo no Rio Grande do Sul. Ela foi intimada para depor no Deic. No entanto, não compareceu — afirma Rocha.
Golpe
Os criminosos criavam empresas de fachada em nome de laranjas. O esquema contava até com um integrante responsável por ir à Junta Comercial do Estado para alterar o contrato social de empresas "inativas". As chamadas "araras", empresas de distribuição de produtos diversos, funcionavam para compras com fornecedores e para empréstimos bancários. As primeiras compras ou empréstimos eram pagos normalmente para ganhar credibilidade.
Depois disso, os golpistas faziam compras a prazo e solicitavam financiamentos milionários. Por fim, fechavam as "araras" e desapareciam. Outras empresas eram abertas ou até mesmo, alguns anos depois, as firmas fechadas eram reabertas com outros sócios e com outra razão social.