A Justiça determinou a soltura, na tarde de quinta-feira (28), de 21 pessoas que haviam sido presas há 10 dias pela Polícia Civil durante uma operação em 11 cidades gaúchas. Os investigados foram liberados um dia antes do prazo inicial para a conclusão do inquérito que apura esquema envolvendo cerca de 50 empresas de fachada criadas para aplicar golpes milionários no comércio de todo o país.
Segundo informação inicial da Justiça, os suspeitos foram soltos porque expirou o prazo das prisões temporárias e os pedidos de preventivas foram revogados.
No entanto, o delegado Gustavo Rocha, responsável pela investigação no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), informa que as 21 pessoas e mais 13 suspeitos serão indiciados na conclusão do inquérito. O novo prazo estipulado, após os presos terem sido soltos, é de mais 20 dias.
Os seis meses de investigação da polícia apontam para uma fraude inicial que supera R$ 2 milhões, mas Rocha acredita que esse valor será ainda maior quando novas informações forem apuradas. Ele ainda acredita que o número de indiciados possa chegar a 39 pessoas – entre elas, empresários, funcionários de empresas, laranjas e três contadores.
O esquema criminoso tinha até um integrante responsável por ir à Junta Comercial do Estado para alterar o contrato social de empresas que não estavam sendo utilizadas para realizar compras no comércio de todo o país.
As chamadas "araras", empresas de distribuição de produtos diversos, eram montadas em nome de terceiros para a realização de compras com fornecedores e para empréstimos bancários. As primeiras compras ou empréstimos eram pagos normalmente para ganhar credibilidade.
Depois disso, os golpistas faziam compras a prazo e solicitavam financiamentos milionários para supostamente quitar dívidas, que não eram pagas. As empresas eram fechadas seis meses depois de serem criadas. Enquanto isso, outras novas eram abertas ou até mesmo empresas antigas eram reabertas por meio de contadores, mas sempre com outros sócios e com outro tipo de finalidade.
Para multiplicar o lucro, os produtos adquiridos com as compras fraudulentas eram revendidos aos poucos no comércio com notas fiscais frias. Alguns suspeitos já estavam até comprando diretamente cargas roubadas por ladrões.
Os crimes apurados são estelionato, organização criminosa, uso de documentos falsos e receptação de produtos roubados.