A Justiça manteve a prisão preventiva do estudante de Engenharia Civil Jerônimo Jardim Lopes, 26 anos. O jovem foi detido na última sexta-feira (27) pela Polícia Civil com 15 fuzis e 21 pistolas no seu apartamento, em Santa Cruz do Sul. Em audiência de custódia realizada na manhã desta segunda-feira (30), foi negado o pedido de relaxamento da prisão feito pelo advogado dele, Lino Marcelo Vidal Munhoz.
O advogado alegou que o universitário não tinha nenhum antecedente criminal e sustentou que ele não estava relacionado com o grupo criminoso, contrariando a informação da Polícia Civil de que o rapaz recebia R$ 10 mil por mês de uma das maiores facções criminosas gaúchas para esconder o arsenal. Munhoz afirma que o entendimento do juiz, de que a prisão é necessária para manter a ordem pública, é uma decisão para atender ao "clamor da população", e não feita com base nos elementos jurídicos.
Com a decisão, Lopes seguirá preso no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul. Ele foi detido um dia após a promulgação, pelo presidente Michel Temer, da lei que torna crime hediondo posse ou porte ilegal de fuzil.
O delegado Luciano Menezes diz que a facção para a qual Lopes guardava armas é investigada desde 2013 na Região dos Vales. Agora, foi descoberto que esse grupo estava realizando ofensivas para tomar conta do tráfico de cocaína pura na região do Vale do Rio Pardo. O delegado comenta que mapeou recentemente novas ofensivas da facção em cidades como Lajeado e Venâncio Aires.
Os investigadores tinham certeza de que, para eliminar rivais, a facção dispunha de um grande arsenal. Só em 2017, 20 mandados judiciais foram cumpridos pelos investigadores em casas, a maioria na periferia da cidade, até que os policiais concluíram que o armamento só poderia estar escondido em um lugar aparentemente insuspeito.
— Diversas medidas cautelares foram cumpridas e não encontrávamos (as armas) de maneira alguma. A investigação foi evoluindo e compreendemos que o raciocínio era o seguinte: drogas na periferia e o arsenal bélico nas mãos de alguém insuspeito — detalhou o delegado.
A batida da polícia no apartamento, na Rua Samuel Pinto Cortez, ocorreu no início da manhã de sexta. Passava pouco das 6h30min quando 10 policiais da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) bateram à porta do suspeito. Eles foram recebidos pelo jovem, que se mostrou assustado. Imediatamente, o universitário afirmou que ali havia duas pistolas, pertencentes a um antigo morador, que teria se suicidado por dívidas. Os policiais decidiram fazer a revista geral, desconfiados do nervosismo do estudante.
A confirmação da suspeita se deu quando o forro do apartamento foi aberto: dividido em caixas e enrolado em cobertores estava o arsenal que o chefe de Polícia do Rio Grande do Sul, delegado Émerson Wendt, afirma ser o maior desse tipo já apreendido. A polícia ainda recolheu milhares de cartuchos e carregadores de fuzil 5.56, 762 e de pistola 9 milímetros. Todo o armamento foi colocado em uma caminhonete da polícia e levado para a delegacia, onde foi contado. A avaliação preliminar da Defrec aponta que as armas apreendidas estão avaliadas em R$ 3 milhões.