A Justiça determinou que o delegado Omar Abud deixe de exercer a função pública. Na prática, a ação pede que o policial seja exonerado da Polícia Civil e deixe de receber salários. A decisão integra a sentença proferida nesta quinta-feira (5) pelo juiz Roberto Coutinho Borba, da 2ª Vara Criminal de Alvorada.
Sobre os trâmites para a exoneração, o corregedor-geral de Polícia Civil, Marcos Meirelles, disse que, após a determinação judicial, que ainda não transitou em julgado, o tema será encaminhado à Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Posteriormente, a análise passará para as mãos da Casa Civil até chegar ao governador do Estado, que tem poder para exonerar o servidor.
— Essa sentença vai chegar à PGE. Eles abrem um procedimento administrativo e dão os encaminhamentos necessários, além de um parecer jurídico. Depois, repassam para a Casa Civil, com um parecer para perda ou não do caso. Após é necessário parecer da Casa Civil. E aí,sim, o governador assina a exoneração, atendendo a decisão judicial — disse Meirelles, sem dar prazo para o fim do trâmite.
Atualmente, Abud está afastado das atividades policiais. Mesmo assim, segue recebendo salários mensalmente. Somente em agosto, os vencimentos líquidos do delegado somaram R$ 17.822,86.
Além da decisão judicial que determina a exoneração de Abud, outro processo tramita no Conselho Superior de Polícia estudando o desligamento do delegado. O caso ainda está sob análise, e também não tem prazo para ser finalizado.
Bens dos envolvidos serão revertidos ao Estado
A sentença determinou reversão de bens do delegado Omar Abud, além de outros envolvidos no caso, como o comissário de polícia aposentado Luiz Armindo De Mello Gonçalves. Os bens adquiridos por Abud somam cerca de R$ 3,7 milhões e envolvem carros, quatro apartamentos, um terreno, três boxes e dinheiro em contas correntes e aplicações. Luiz Armindo perdeu aproximadamente R$ 685 mil, entre apartamentos, caminhonete, uma casa, uma empresa e dinheiro em conta.
Operação Financiador
O delegado Omar Abud e o comissário aposentado de Polícia Civil Luiz Armindo De Mello Gonçalves são apontados pelas investigações como os responsáveis por um esquema de roubo de cargas no Rio Grande do Sul. Os agentes públicos financiavam uma quadrilha que cometia crimes. Além disso, os policiais se valiam de informações privilegiadas para dificultarem investigações sobre o roubo de cargas. Os empréstimos que financiavam os grupos criminosos ocorriam até mesmo dentro das delegacias. Além disso, o grupo lavava dinheiro em um estabelecimento de Abud e Gonçalves.