O terceiro dia de ocupação das tropas federais na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, começou com aparente tranquilidade neste domingo (24). Sem tiroteios desde a tarde de sábado (23), a população saiu às ruas, principalmente para fazer compras no comércio local.
Tanto na parte baixa da comunidade, junto à Autoestrada Lagoa-Barra, quanto na parte alta, ao longo da Estrada da Gávea — principal via que corta a comunidade —, tropas militares fazem segurança em pontos estratégicos. Os locais estão situados em intervalos que variam de 100 metros a 500 metros de distância.
A frequência das revistas aos moradores diminuiu, e os soldados se concentram mais em verificar carros e vans. Até caminhões de lixo são revistados, em busca de criminosos que possam estar tentando deixar a comunidade. Mais cedo, a polícia encontrou uma pequena quantidade de lança-perfume em um saco abandonado na rua.
Moradores evitam falar com a imprensa e os que aceitam não se identificam. Um mototaxista demonstrava receio de que a operação só durasse até o fim do Rock in Rio, que termina na noite deste domingo.
Um grupo que conversava entre a Rua Dois e a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), no alto do morro, comentava a informação, divulgada desde sábado, de que o traficante Rogério 157 — que controla a venda de drogas na Rocinha — teria trocado de facção e se aliado ao principal grupo criminoso do Estado.
— Se isso acontecer, esta guerra não acaba tão cedo, pois o Nem (Antonio Bonfim Lopes, preso em penitenciária federal) não vai aceitar — disse o mototaxista.
A Rocinha é considerada pela polícia o principal ponto de venda de drogas do Rio de Janeiro.