O caso do assassinato da pastora Marta Maria Kunzler da Silva, 63 anos, ocorrido em 14 de junho em Montenegro, no Vale do Caí, teve novos desdobramentos nesta semana. A Polícia Civil voltou a prender o marido da vítima e o amante dele pelo crime.
Os dois já haviam sido presos na investigação, que identificou que eles arquitetaram o crime para ficarem com os bens da pastora, mas foram soltos após a Justiça deferir um habeas corpus.
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As prisões ocorreram na segunda-feira (31), mas eram mantidas em sigilo. Nesta quarta-feira (2), os policias de Montenegro foram até Soledade, no Norte do Estado, onde encontraram o quarto suspeito do crime. Os policiais decidiram não divulgar as detenções antes para não alertar o suspeito, que poderia fugir.
Apesar de ter preso mais de uma vez os denunciados, o delegado Eduardo Azeredo, responsável pelo caso, avalia que a situação é comum para policiais.
– Não é retrabalho. Num país democrático é assim: cada coisa no seu ritmo. A Justiça e o Ministério Público de Montenegro agiram bem nesse caso – afirma o delegado.
Os presos já foram denunciados pelo Ministério Público em 14 de julho deste ano. O marido da pastora e o amante são Adair Bento Da Silva, de 38 anos, e Rodrigo Nunes da Silva, 23 anos. Além deles, foram denunciados os primos Igor de Azeredo Gomes, 21 anos, e Juliano Jackson da Silva Gomes, de 31. Todos eles cumprem prisão preventiva por homicídio qualificado.
As qualificadoras da denúncia do MP são motivo torpe mediante pagamento e com promessa de recompensa; meio cruel (asfixia); e utilizando recurso que dificultou a defesa da vítima. Além disso, a promotora Graziela Vieira Lorenzoni afirma que se trata de um feminicídio – caracterizado como violência doméstica e familiar – e contra pessoa maior de 60 anos.
A denúncia foi aceita pela Justiça no último dia 25 e, com isso, os quatros se tornaram réus. O delegado acredita que, com as prisões desta semana, os acusados não devem ser soltos novamente.
– Foi uma investigação muito difícil, considerando que, dos quatro acusados, só um deles confirmou que participou do evento. No entanto, com nossa investigação, conseguimos montar esse quebra-cabeça e ver nele as imagens dos quatro suspeitos – desabafa o delegado responsável pelo caso.
Relembre o caso
A investigação sobre um possível latrocínio acabou revelando um crime premeditado em Montenegro, no Vale do Caí. Conforme a Polícia Civil, a pastora Marta Maria Kunzler, da Igreja do Evangelho Quadrangular, foi morta pelo marido, de 38 anos, o amante dele e dois amigos. O crime ocorreu no dia 14 de junho, mesma data em que Marta completou 63 anos.
Para o delegado Eduardo Azeredo, tudo foi tramado para que o marido pudesse ficar com o amante, e que os dois pudessem usufruir dos bens da pastora. A vítima, inclusive, conhecia o amante do marido, mas não desconfiava dos dois.
– É claramente um crime passional, em que o marido e principal envolvido ficaria com os bens da vítima, como casa, veículos. E ficaria, definitivamente, com o amante também – comenta o delegado.
Marta foi morta asfixiada, após ser atingida por golpes de faca dentro de casa, por volta das 22h30min daquela quarta-feira. Os criminosos ainda colocaram uma música em som alto para que os gritos da vítima não fossem ouvidos pelos vizinhos.
Os bandidos, depois, fugiram no carro da pastora – que foi encontrado no interior do município com uma faca e um moletom dentro. Inicialmente, o marido informou à polícia que assaltantes entraram na casa, agrediram, mataram Marta e procuraram pertences revirando gavetas. De acordo com o delegado, o suspeito combinou de dar R$ 1 mil aos amigos que ajudaram no crime. No entanto, não teria conseguido o valor e entregou apenas R$ 100.