O comando do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM) vai abrir um inquérito para apurar a conduta dos dois soldados à paisana que mataram dois homens em uma troca de tiros no bairro Navegantes, na zona norte de Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira (18). O objetivo, segundo o comandante interino da unidade, major André Feliú, é verificar se houve algum erro na atuação dos policiais.
– Nós temos que agir com lisura, clareza e abrir o IPM (Inquérito Policial Militar) para verificar os fatos. Isso é dever da Brigada e do 11º BPM –afirma o oficial, que diz que só vai avaliar o ocorrido quando o procedimento for finalizado. O prazo é de 40 dias.
O caso ocorreu pouco antes das 6h. A versão dos policiais é de que voltavam de uma festa em um Toyota Corolla blindado quando, na esquina da Avenida Sertório com a Farrapos, foram abordados por dois bandidos em um Golf prata. Um dos criminosos teria baixado o vidro, apontado uma pistola e pedido o carro. Os PMs alegam que reagiram naquele momento.
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Um morador da região disse ter acordado com o barulho de tiros. Ele garante que ouviu de 20 a 25 disparos em sequência.
– A minha cadela chegou a dar um pulo dentro de casa e latia sem parar. Fiquei deitado até parar o barulho, depois saí para ver o que ocorreu – informou o homem, que preferiu não se identificar.
O tiroteio se estendeu por mais de uma quadra e se encerrou próximo de uma parada de ônibus, também na Sertório. De acordo com o comandante do 11º BPM, os dois baleados foram levados em uma viatura até o Hospital Cristo Redentor - onde chegaram já sem vida. Apesar de não ser comum, o responsável pela unidade afirma que em casos emergenciais os policiais podem não aguardar pela chegada de ambulância.
– Se há risco de vida, a Brigada toma as providências. Independentemente de quem seja – resume o comandante.
O Golf da dupla, que não estava em ocorrência de roubo, apresentava ao menos 14 perfurações de tiros. Dentro do carro, os PMs afirmam que encontraram uma pistola e uma arma de brinquedo. O veículo foi apreendido junto com o Corolla dos soldados.
Em outra frente, a 4ª Delegacia de Polícia também investiga o caso. O delegado Cléber Ferreira ouviu os dois policiais envolvidos na ocorrência. Ele diz que possui apenas os relatos dos PMs até agora e que vai confrontá-los a partir da análise de câmeras de segurança.
– Eu tenho uma versão de tentativa de roubo à mão armada contra os policiais. É a única versão até o momento, que será confirmada ou não com a investigação – comenta Ferreira.
Além disso, a polícia vai acionar o Instituto-Geral de Perícias (IGP) para identificar os dois homens mortos e saber quantos tiros os atingiram. Outro laudo importante para o delegado é o da perícia dos carros, que pode indicar de onde os tiros partiram e como ocorreu o tiroteio.