Em julho, o Rio Grande do Sul completaria dois anos sem assassinatos de policiais civis em atuação. O último caso, antes do homicídio do escrivão Rodrigo Wilsen da Silveira, nesta sexta-feira, em Gravataí, foi a morte do santa-mariense Valdeci Machado, em 16 de julho de 2015, aos 55 anos.
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O pai de três filhos, duas meninas e um menino, estava de plantão na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Alvorada, quando Amilton Ferreira da Silva, 23 anos, enquadrado na Lei Maria da Penha, conseguiu fugir do local. O policial o perseguiu, entrou em luta corporal com o suspeito, teve a arma roubada e foi baleado. O agente, que já estava em idade de se aposentar, trabalhava sozinho no momento do crime.
Nesta sexta-feira, o chefe da Polícia Civil, delegado Emerson Wendt, ao lamentar a morte do escrivão, salientou, chorando, que não é frequente a perda de agentes em serviço:
– É um fato muito raro um policial morrer em ação, mas, infelizmente, isso faz parte do nosso roteiro. Pode acontecer, e o policial, quando entra na ativa, é consciente disso. É difícil, mas vamos seguir trabalhando – disse o chefe de Polícia.
Na Brigada Militar, seis policiais morreram desde 2015
Se entre 2015 e 2017, dois policiais civis foram mortos em operação, as baixas na Brigada Militar foram mais constantes. Com o caso de Putinga, no Vale do Taquari, onde Geferson Rosolen, 28 anos, morreu no último dia 7 de junho ao ser atingido por um policial civil durante cerco a bandidos, as mortes em serviço somam seis no mesmo período.
O coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã, da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), ex-secretário de Segurança de Canoas e associado pleno do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Eduardo Pazinato, diz que a Brigada Militar está mais exposta do que a Polícia Civil:
– Pela própria atribuição institucional da Brigada Militar, esses policiais têm presença mais ostensiva, estão mais presentes em locais de fluxo. Nas operações da Polícia Civil, há um nível de previsibilidade maior. Porém, ainda assim, há riscos – disse Pazinato.
PM foi baleado nesta sexta-feira na zona sul da Capital
Nesta sexta-feira, um sargento da reserva da Brigada Militar ficou gravemente ferido ao tentar evitar assalto a uma joalheria no bairro Belém Novo, na zona sul de Porto Alegre. Dois homens anunciaram assalto ao estabelecimento pouco antes das 11h, na Rua Cecílio Monza, quando foram surpreendidos pelo policial. Um homem, ainda não identificado, morreu no local. O PM, identificado como Claudio Aurélio Garigan, levou quatro tiros e foi encaminhado ao hospital da Restinga e, posteriormente, transferido para o Hospital de Pronto Socorro da Capital. Seu estado de saúde é estável.
Segundo o tenente-coronel Márcio Gaudino, comandante do 21º Batalhão de Polícia Militar, o sargento foi atingido por dois tiros no tórax, um na perna e outro, de raspão, no pescoço. Ainda conforme o oficial, o sargento estava circulando pela região quando presenciou o assalto e reagiu.
Policiais militares mortos em serviço
Gravataí, 30 de novembro de 2015 - Um policial militar foi morto por um assaltante por volta das 14h45min, na Rua Adolfo Inácio Barcelos, no centro de Gravataí. Pelo menos quatro homens assaltaram uma ótica, localizada a poucos metros da prefeitura. O botão do pânico foi acionado no interior do estabelecimento, o que possibilitou a chegada da Brigada Militar. Um dos assaltantes fugiu a pé e acabou dominado pelo soldado Rafael de Ávila Oliveira. O ladrão conseguiu sacar uma arma que estava em seu bolso e, à queima-roupa, acertou o policial.
Porto Alegre, 21 de dezembro de 2015 - Um assalto a uma loja de tênis terminou em tiroteio entre a Brigada Militar e bandidos na Avenida Baltazar de Oliveira, na zona norte de Porto Alegre. Após a troca de tiros, um assaltante foi morto e o soldado Marlon da Silva Corrêa, 29, ficou ferido, mas acabou morrendo no dia seguinte.
Porto Alegre, 4 de julho de 2016 - Na Rua Santa Flora, bairro Cavalhada, o soldado Luiz Carlos Gomes da Silva Filho, 29 anos, integrante do Serviço de Inteligência (PM2) da Brigada Militar, por volta de 15h30min, abordou um Gol branco suspeito de roubo. Ele discutiu e, em determinado momento, atirou na perna de um dos suspeitos que haviam saído do veículo. Passados alguns minutos, o homem ferido foi até a porta do carona do Gol, por onde pegou uma arma e atirou no PM. Enquanto o carro partia em alta velocidade, Luiz Carlos foi socorrido. Atingido por três tiros, ele já chegou sem vida ao Hospital de Pronto Socorro (HPS).
Cidreira, 6 de agosto de 2016 - Um soldado da Brigada Militar morreu na madrugada após ser atingido por um tiro na região da cabeça, enquanto fazia abordagem em Cidreira, no Litoral Norte. Thales Ferreira Floriano tinha 31 anos e atuava em Tramandaí.
Erval Grande, 29 de outubro de 2016 - O sargento João Marcelo Borges Desidério, 43 anos, foi morto ao ser baleado por tiros de fuzil ao tentar conter a ação de criminosos em uma agência bancária em Erval Grande, norte do Estado, durante a madrugada.
Putinga, 7 de junho de 2017 - Geferson Rosolen, 28 anos, foi morto por um policial civil durante cerco a grupo que havia atacado banco em Putinga, no Vale do Taquari.