O empresário sequestrado às 21h30min de sábado, em Alvorada, estava lavando os espetos de churrasco quando percebeu a presença de quatro pessoas vestindo toucas-ninjas e roupas da polícia. Eram os criminosos que acabaram de chegar na sua quadra de futebol e que, mais tarde, ameaçariam entregar para a sua mãe um pedaço da sua orelha e da sua perna caso não recebessem R$ 150 mil pelo resgate.
– Vieram direto em mim, prenderam as minhas mãos, taparam meus olhos e foram me levando escada abaixo. Pensei que era um assalto e que iriam me deixar na escada e fugir, mas me colocaram no carro. Quando me levaram, pensei que iriam me matar – disse o empresário de 29 anos.
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Dentro de um Peugeot 207 branco, mais um integrante do bando os esperava para dar seguimento ao sequestro que se estendeu até as 3h30min. A vítima foi levada espremida, no banco de trás, entre três criminosos com duas armas encostadas nas costelas e, outra, na cabeça. No trajeto até o cativeiro, na Rua 47 do bairro Umbu, ainda em Alvorada, ao tempo em que tentavam tranquilizá-lo dizendo que se tratava "apenas de um sequestro" e que tudo iria ficar bem, alertavam que dar um tiro na cabeça do empresário "não custaria nada" para eles caso a polícia fosse acionada por seus familiares.
Já no cativeiro, ele foi colocado sentado em uma cadeira. A camiseta que cobria seus olhos foi retirada e trocada por uma fita enrolada mais de cinco vezes em sua cabeça. O passo seguinte foi deitá-lo em uma cama e amarrar seu braço esquerdo com uma corrente. Nesta posição, o empresário permaneceu até a chegada da Brigada Militar.
– Eu não vi nenhum deles. Não vi nada em momento algum. Só conseguia ver a luz amarela da lanterna deles.
De tempos em tempos, o grupo perguntava se estava tudo bem com a vítima e voltava a repetir que queria apenas o dinheiro. Mencionaram, inclusive, que pediriam R$ 150 mil pelo resgate, para poder baixar a exigência para R$ 100 mil.
– Conversando com o pessoal depois, vi que eu estava melhor no cativeiro do que a minha família em casa – disse o sequestrado, referindo-se ao estado emocional.
Quando a polícia chegou e se identificou, o empresário, ainda vendado, não acreditou que estava a salvo.
–Pensei que os sequestradores estivessem me mentindo, embora a luz da lanterna não fosse da mesma cor. Essa era branca. Só quando vi os policiais que fiquei aliviado – contou.
Passado o susto, o alvoradense garante que não pensa em mudar de cidade, apenas rever os dispositivos de segurança do local. Além do sequestro, aproximadamente R$ 400 foram roubados do caixa da quadra de futsal.