Tomou posse nesta sexta-feira (23) como presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, de 54 anos. Natural de Porto Alegre e neto do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Thompson Flores, o magistrado ficará no cargo no biênio 2017/2018. Thompson Flores vai presidir o Tribunal que é responsável pelo julgamento dos recursos da Operação Lava Jato. O desembargador fez questão de dizer que a apreciação das apelações, agravos e Habeas Corpus estão com celeridade razoável. E ainda se comprometeu que a maioria estará julgada antes das eleições de 2018.
"Entre agosto deste ano e agosto do ano que vem, a maior parte deles estará julgada ou pautada", projeta o presidente da corte.
O desembargador lembra que as decisões são importantes para o próprio pleito.
"Isso é importante, porque na hipótese de condenação em 2ª instância, alguns desses personagens que quisessem concorrer a cargo eletivo, estariam inelegíveis", explica.
Thompson Flores destacou ainda a boa condução dos processos da lava Jato pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, que é relator no TRF4, e pelo ministro do STF Edson Fachin.
"Eu não vejo ameaças a essas operações. Primeiro elas conquistaram a opinião pública. A população vê nesses juízes e procuradores da República uma esperança".
Sobre o atual cenário político nacional, disse que é um momento muito triste. Ressaltou que não se fazem mais homens como Carlos Lacerda, Afonso Arinos de Melo Franco, Franco Montoro e Paulo Brossar. Disse que esses grandes homens morreram e não deixaram sucessores".
"Se tivéssemos esses homens no Congresso, não estaríamos passando por isso. Homens que jamais responderam a um processo", sustenta.
Para o Thompson Flores, somente a melhora da educação do povo brasileiro conseguirá contribuir para acabar com a corrupção que assola o país.
Delação premida
O desembargador se posicionou favorável ao instituto da delação premida, dizendo que é necessário para a investigação criminal.
"É um instituto novo, cuja realidade está se impondo agora. Eventuais desacertos, serão corrigidos, mas acho que não se deve fazer isso nesse momento".
Lista tríplice
Diante da polêmica existente para a escolha do Procurador-Geral da República, o presidente do TRF4 se posicionou. Disse que é contra a existência da lista tríplice, lembrando que a Constituição não exige. Ele é ex-procurador da República e indicado para vaga de desembargador pelo quinto constitucional destinada ao Ministério Público Federal.
"Quem assume o cargo de PGR vai ter que tomar medidas, muitas vezes, antipáticas à própria instituição (Associação Nacional dos Procuradores da República). Precisa ter uma independência perante a própria instituição. Os grandes nomes desse cargo foram escolhidos fora da instituição".
É uma tradição nos últimos anos que o presidente da República escolha o mais votado pelos procuradores da república para ocupar o cargo de PGR, mas Temer estuda outros nomes.