Iniciado na manhã desta segunda-feira (19), o júri do bioquímico Ênio Luiz Carnetti se estenderá durante esta terça-feira (20).
O veredicto sobre as acusações de que Carnetti assassinou a facadas a mulher Márcia Cambraia Calixto Carnetti, aos 39 anos, e seu próprio filho, Matheus Calixto Carnetti, de cinco, na casa da família, deve sair por volta das 17h.
Depois do crime, em julho de 2012, no bairro Tristeza, zona sul de Porto Alegre, o réu tentou cometer suicídio ao se jogar da ponte do Guaíba, mas acabou salvo por pescadores. Desde então, está detido no Presídio Central. Nesta segunda, pediu para não participar do julgamento e foi conduzido de volta à cadeia.
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Na primeira parte do julgamento, foram ouvidas as testemunhas. Foram arroladas pela acusação o irmão e o pai de Márcia, uma colega de trabalho dela, a doméstica que trabalhava na casa da família e a delegada Clarissa Demartini, que atendeu o local do crime. Pela defesa, compareceram três psiquiatras. O pai do réu estava arrolado, mas não foi ao julgamento. Para esta terça, estão previstos os debates entre acusação e defesa, além da sentença, que pode chegar a 60 anos de prisão.
Segundo a delegada, diversos recados escritos a mão e e-mails impressos foram encontrados sobre a cama do casal naquela ocasião.
– Os e-mails eram em tom afetivo, trocados entre a Márcia e outra pessoa – aponta a policial.
O crime teria sido motivado por ciúme. Segundo as testemunhas, eles não viviam mais como casal desde a gestação de Matheus, quando Márcia teria descoberto relação extraconjugal de Carnetti.
Primeira a entrar na cena do crime, a delegada encontrou Márcia caída no chão do quarto do casal, depois de supostamente ter sido morta de joelhos. Já o menino, foi encontrado como se estivesse dormindo.
"Matei o Matheus para que ele não sofresse", dizia um dos bilhetes deixados pelo réu. A delegada Clarissa Demartini suspeita, pelas marcas de sangue, que Carnetti tenha desferido as facadas na criança, pegado ela no colo e a colocado, já morta, na posição de dormir na cama.
– Ele disfarçou. É um homem manipulador. Já alimentava esse sentimento de matar e a minha filha, infelizmente, não percebeu. Foi um homem covarde, sem respeito e carinho. Ele não sabe conviver em sociedade – desabafou o pai de Márcia e avô do menino, João Calixto, 74 anos.
Alegação da defesa é de insanidade mental
Os advogados do réu sustentam que ele sofre de insanidade mental, tese refutada pela Promotoria, que se embasa em perícia feita pelo Instituto Psiquiátrico Forense (IPF). O laudo apontou que Carnetti era capaz de entender o caráter ilícito da sua ação.
Conforme a denúncia do Ministério Público, o crime foi praticado com três qualificadoras: motivo torpe, mediante meio cruel e com recurso que dificultou a defesa da vítima. Porém, na sentença de pronúncia, a Justiça entendeu que o réu deveria responder por duplo homicídio qualificado contra Márcia e contra Matheus. O réu é acusado, ainda, pelo crime ter sido cometido contra menor de 14 anos.