A Polícia Civil suspeita que a Ecosport branca usada pelos criminosos que mataram o estudante Masahiro Hatori, 29 anos, na sexta-feira, não tenha registro de furto ou roubo. Conforme o delegado Ajaribe Pinto, nos últimos dias, apenas um carro desse modelo foi roubado, mas alguns detalhes, como o ano do veículo, não coincidem.
O corpo do estudante, doutorando de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi enterrado às 18h deste sábado no Cemitério Evangélico de Estrela.
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Na sexta-feira, meia-hora antes do crime, uma Ecosport foi roubada no bairro Hípica, Zona Sul. Mas era de um modelo novo. A polícia acredita que a usada pelos bandidos era de 2004 a 2008. O delegado disse que já tem mais imagens, mas nenhuma mostra com nitidez a placa do carro.
Conforme a investigação, dois homens estão envolvidos no ataque – um dirigia e o outros foi responsável pelo tiro que matou Hatori. A polícia está monitorando o eventual abandono do carro, situação muito comum depois de crimes desse tipo. Conforme Ajaribe, o estudante não teria reagido:
– Pelos depoimentos, não houve reação. É possível que o movimento dele para tirar a mochila das costas tenha sido interpretado como tentativa de resistir.
O estudante foi morto na frente da noiva e de uma prima dela, quando o trio caminhava pela Rua Joaquim Silveira. Eles haviam saído de um centro comercial na Avenida Assis Brasil, na tarde de sexta-feira. O ataque foi rápido. Uma das testemunhas chegou a ouvir o ladrão gritar "passa, passa" para Hatori, que carregava a mochila nas costas.
Enquanto tentava tirar a mochila, o estudante foi baleado na cabeça. Socorrido, morreu a caminho do hospital. O criminoso correu e embarcou em uma caminhonete Ecosport branca, sem roubar nada. Este é o 6º latrocínio registrado este ano na Capital.
Natural de Estrela, Hatori cursava doutorado de física na UFRGS e morava havia seis meses com a noiva, na Capital. Conforme amigos, o casal planejava morar fora do país. Hatori e as duas irmãs mais novas participavam do tradicional grupo de danças folclóricas de Estrela.
– É uma família muito envolvida na comunidade, com os filhos muito focados na educação. Um das irmãs já é médica – conta Andréas Hamester, instrutor do grupo.