Abalado pelo assassinato do enteado Gabryel Machado Delgado, de 20 anos, o agente funerário Cesar Fernando Morais cobrou as autoridades contra a falta de segurança em Porto Alegre. O universitário foi morto durante assalto na noite de terça-feira quando chegava em casa. O padrasto do jovem criticou o não cumprimento de promessas pelo poder público e apelou:
– O que me deixa mais triste é que é só promessa. Sei que não tenho como trazer o Gabryel de volta, é mais fácil eu me encontrar com ele e com a mãe dele (que já faleceu), mas eu queria, pelos filhos dos outros, que fosse feita alguma coisa hoje, não amanhã – desabafou em entrevista ao programa Timeline Gaúcha, nesta quarta-feira. – Chega, chega, chega! Hoje foi o meu filho. Eu peço para as autoridades: vocês têm o poder, têm a caneta na mão, vamos lá, vamos para frente.
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Gabryel era estudante de Marketing da Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs) e voltava da aula quando foi abordado por um ladrão na frente do prédio em que morava, na Avenida Pernambuco, bairro São Geraldo, na zona norte da Capital. Segundo a Polícia Civil, o jovem desceu do ônibus e parou para conversar com um amigo quando foi abordado por um assaltante que exigiu o celular do estudante. Mesmo tirando o aparelho do bolso, Gabryel levou um tiro na cabeça e morreu no local.
O padastro convivia com Gabryel desde os quatro anos de idade da vítima. A mãe do jovem morreu alguns anos depois. Morais conta que esperava Gabryel para o jantar todos os dias. No momento do assassinato, por volta de 22h40min da terça-feira, o padrasto ouviu o estampido do disparo e saiu para a sacada do apartamento.
– Cheguei perto e não me dei conta de que era ele, estava de bruços. É trite, muito triste – relatou Morais, contando que trabalha em uma funerária e desceu a rua para orientar sobre os procedimentos que deveriam ser adotados com o corpo sem saber que o enteado era a vítima.
De acordo com Morais, as vias próximas ao local do latrocínio, como a Avenida Pernambuco e a Rua Ernesto da Fontoura, costumam registrar diversos casos de violência, incluindo roubo a carros.
– Não tem horário, não tem nada – afirma.
O padrasto afirma que, no passado, o jovem queria ser jogador de futebol porque o pai biológico de Gabryel tinha sido goleiro. Mais tarde, o jovem decidiu se dedicar ao jiu-jitsu.
– Tenho que procurar duas coisas, agora: procurar me conformar, entre aspas, e esperar o Gabryel, que sempre chegava tarde, nunca chegar – diz. – Peço encarecidamente que não esqueçam disso que aconteceu. Só estou pedindo a mínima coisa que posso pedir, é segurança.