Motoristas do Uber e de outros serviços de transporte por aplicativo participaram de protesto por mais segurança, na tarde desta terça-feira, em Porto Alegre. A ideia do ato, organizado por meio do WhatsApp, surgiu e ganhou força após Moises Doring Jeske, 33 anos, que trabalhava com o Uber, ser encontrado morto na zona norte de Porto Alegre na manhã desta terça. A carreata começou no Largo Zumbi dos Palmares e percorreu diversas ruas e avenidas do centro da cidade.
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Além de homenagear o colega assassinado, duas reivindicações dos motoristas se destacavam na manifestação: o fim do uso dinheiro em espécie no pagamento do serviço e medidas mais rigorosas no registro de passageiros. Vanei Rocha, 45 anos, condutor de Uber, criticou a facilidade em criar um perfil no aplicativo, o que, segundo ele, encoraja os criminosos:
– Hoje, uma criança de cinco anos cria um e-mail. Você pode ir na padaria e comprar um chip e já pode fazer cadastro no Uber. Já peguei passageiro com nome de Mickey. Qualquer bandido pode se cadastrar – desabafou.
Carros com faixas e balões pretos buzinavam durante o trajeto, acompanhados de perto por agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e pela Brigada Militar (BM). Em alguns dos veículos, frases pedindo mais segurança foram escritas nos vidros. A mobilização gerou transtornos no trânsito na região central, que é bem movimentado no fim da tarde, mas ocorreu de maneira pacífica.
Durante a carreta, a manifestação se dividiu em ao menos três grupos. Um deles – com cerca de 40 carros – parou em frente à sede do Departamento Médico Legal (DML) da Avenida Ipiranga por volta das 18h, liberando apenas uma das vias para desafogar o trânsito. No local, eles pediram mais agilidade na liberação do corpo de Jeske, retirado do local pela funerária por volta das 19h, seguido por cortejo dos colegas de profissão.
Outros motoristas foram até um dos escritórios da empresa em Porto Alegre, na Avenida Carlos Gomes, Zona Norte, onde realizaram novo ato pedindo mais segurança para quem trabalha com o aplicativo.
– A gente quer que o Uber acabe com esse negócio de dinheiro (em espécie no pagamento da corrida) e traga mais segurança para os motoristas. Temos família, esse é o nosso pão do dia a dia e o Uber continua com esse excesso de (só) querer dinheiro – disse o motorista Alexandro Rosa.
Até por volta das 20h desta terça-feira, os grupos de motoristas pretendiam ir até Cachoeirinha, onde o corpo de Jeske deve ser velado. A vítima deve ser enterrada na manhã desta quarta-feira no Cemitério Parque Memorial da Colina.
Por meio de nota, o Uber, afirmou que está "arrasado e ajudando nas investigações da polícia". A empresa também destacou que está "trabalhado em ferramentas para aumentar a segurança dos motoristas".
Confira a nota na íntegra:
Estamos arrasados com este crime horrível. Nossos sentimentos e nossas preces estão com a família do Moisés neste momento. Estamos trabalhando com as autoridades para apoiar as investigações da melhor forma possível para que o responsável seja levado à justiça.
A Uber tem trabalhado em vários produtos específicos para o Brasil. Lançamos, recentemente, uma ferramenta de verificação de identidade que exige que usuários que fizerem o pagamento de suas viagens em dinheiro insiram o seu CPF antes de ter acesso ao aplicativo. Isso vai se juntar às demais medidas de prevenção de risco que implementamos no ano passado para aprimorar o mapeamento de usuários suspeitos antes de fazerem viagens.
Vamos também seguir com os testes em caráter experimental de uma ferramenta que permitiria aos motoristas parceiros ampliarem sua escolha sobre meios de pagamento, com a possibilidade de não aceitar viagens com pagamento em dinheiro em algumas cidades do Brasil.
*Zero Hora