O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse à reportagem que já foi autorizada a ida de mais 550 homens das Forças Armadas para o Espírito Santo, atendendo ao pedido do governador em exercício, César Colnago. Disse também que outros 100 homens da Força Nacional estão sendo enviados para lá, a fim de prestar segurança, só que no interior do Espírito Santo. Assim, o número de militares reforçando a segurança no Estado sobe para 1850.
Há cinco dias, uma crise na segurança se instalou no Espírito Santo, após o início do motim de policiais militares, que estão aquartelados e sem fazer o patrulhamento nas ruas desde então. Para Jungmann, "o policial que, mesmo com justa reivindicação, permite que cidadãos inocentes sejam assassinados, quer saiba, quer não, se alia aos criminosos, a quem deveria combater".
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Depois de classificar a greve como "um duplo desrespeito", o ministro Jungmann explicou:
– Primeiro, desrespeito ao compromisso do policial de proteger vida e integridade das pessoas. Em segundo lugar, desrespeito ao cidadão contribuinte que, em última análise, paga os salários dos policiais – desabafou.
De acordo com o ministro, "por mais justa que seja a reivindicação, ela não pode nunca, nunca, possibilitar atentar contra a vida e a segurança, que são a razão de ser das polícias e dos policiais".
A preocupação do governo diante da situação no Estado aumentou, com a decisão de parte da Polícia Civil de paralisar os trabalhos até a meia-noite de hoje, em protesto contra a morte de um colega de trabalho, quando se deslocava para casa. Por causa da insegurança e da criminalidade, mais uma vez, as ruas de Vitória amanheceram vazias nesta quarta-feira, com o comércio fechado e a população assustada, sem sair de casa.
Segundo o ministro, apesar de, inicialmente, o decreto que autoriza a ida das tropas federais a permanecer no Estado ter prazo de dez dias, esse período pode ser estendido.
– Se for necessário, prorrogaremos, sem problemas – avisou.
Apesar das declarações alarmadas da população, as informações que chegaram ao governo federal apontam que já houve redução dos homicídios e de número de arrastões com a chegada dos militares às ruas. Os 650 homens autorizados nesta quarta-feira se juntarão aos mil homens do Exército, que já estão lá, e os 200 da Força Nacional.
Jungmann evitou falar de uma preocupação que existe no Palácio do Planalto com a possibilidade de o movimento dos PMs do Espírito Santo servir de estímulo aos policiais militares de outros Estados, provocando um efeito cascata. Segundo ele, o governo está "monitorando" a situação em todos os Estados.
Em relação ao Rio de Janeiro, onde já existem advertências de PMs sinalizando que podem parar também a partir da próxima sexta-feira, por causa do atraso nos pagamentos dos salários, o ministro Jungmann advertiu que "são falsas" essas notícias que estão sendo divulgadas pelas redes sociais.
– Isso é uma atitude criminosa – afirmou ele, acrescentando que conversou com o ministro da Justiça interino, José Levi do Amaral, sobre a possibilidade de se colocar a Polícia Federal e a própria polícia estadual "no encalço desses criminosos que estão tentando disseminar estas notícias de greve no Rio para causar pânico à população". – Isso é inadmissível – emendou.
O ministro lembrou que o Ministério da Justiça já estava monitorando isso e está empenhado em descobrir quem são as pessoas que estão assustando a população. De acordo com Jungmann, não há previsão de envio de tropas federais ao Rio de Janeiro e ele acredita que a situação será contornada, já que o governador do Estado lhe informou que está liberando o pagamento de salários atrasados para a área de segurança.
Na manhã desta quarta-feira, a própria Polícia Militar do Rio de Janeiro informou, em nota, que são falsas as informações divulgadas por meio de redes sociais que convocam a categoria para uma paralisação na sexta-feira, a partir das 6h. A direção da PM apelou ainda para que a tropa reflita sobre medidas que possam causar danos irreparáveis à sociedade e procurem outra forma de reivindicar seus direitos, lembrando o prejuízo que uma paralisação traria à população.
*Estadão Conteúdo