Desde as primeiras horas de 2017, o sistema prisional brasileiros exibe seu descontrole: ao menos 126 detentos foram mortos em diferentes rebeliões e dezenas fugiram de casas prisionais localizadas em diversos Estados – somente no final de semana, 74 presos escaparam.
Três massacres concentram mais de 90% das mortes. A rebelião mais recente ocorre nesta quinta-feira, na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal – presos de diferentes facções entraram em confronto.
Abaixo, veja a cronologia dos sucessivos fatos que expõem o caos no sistema prisional:
1º de janeiro: Compaj, em Manaus (AM)
Uma briga entre facções criminosas deixou 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. A maioria dos mortos foi decapitada e teve o corpo esquartejado. Detentos de presídio vizinho, o Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), também tentaram fugir e deram início a uma rebelião, que acabou controlada pela Polícia Militar. Segundo o governo, 225 presos fugiram nas duas unidades. No mesmo dia, autoridades do Amazonas informam que 77 detentos haviam sido recapturados.
2 de janeiro: Unidade Prisional de Puraquequara, em Manaus (AM)
Mais quatro presos foram mortos em Manaus, dessa vez na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), que fica na zona rural.
4 de janeiro: Presídio Romero Nóbrega, em Patos (PB)
Uma rebelião no presídio Romero Nóbrega, em Patos, no sertão paraibano, foi controlada no início da tarde. O motim havia começado pela manhã e terminou com duas pessoas mortas e outras duas feridas.
6 de janeiro: Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR)
Rebelião na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, deixou 33 presos mortos. Após o motim, um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), acusado de comandar o maior massacre de presos da história de Roraima, foi considerado desaparecido por oito dias. Ele estava escondido em outra cela do presídio.
8 de janeiro: Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, em Manaus (AM)
Mais quatro presos foram mortos em Manus, dessa vez, na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa. Após ter sido fechada por recomendação do Conselho Nacional de Justiça, a penitenciária havia sido reativada para receber detentos transferidos após o massacre do primeiro dia do ano, no Compaj.
13 de janeiro: Complexo Penitenciário de Mata Escura, em Salvador (BA)
Na madrugada de sexta-feira, um grupo de 17 detentos serrou as grades de uma cela e fugiu do Complexo Penitenciário de Mata Escura, em Salvador. A fuga só foi percebida pela manhã, quando os agentes penitenciários da unidade viram os danos nas grades e em três barreiras fixas.
13 de janeiro: Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (Coorpin) de Santo Antônio de Jesus (BA)
Vinte e um presos fugiram da carceragem da 4ª Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (Coorpin) de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo da Bahia, na noite de sexta-feira.
14 de janeiro: Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta (RN)
Rebelião na penitenciária de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, deixou pelo menos 26 presos mortos. Todas as vítimas teriam sido decapitadas. O motim começou na noite de sábado e só foi controlado no início da manhã de domingo, 14 horas depois, com a entrada de policiais militares e agentes penitenciários no local. O número total de vítimas e a identificação delas depende de uma força-tarefa do governo estadual.
15 de janeiro: Complexo Penitenciário de Piraquara (PR)
Vinte e seis presos fugiram do Complexo Penitenciário de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. Outros dois morreram durante confronto com policiais do Paraná.
15 de janeiro: Presídio Regional de Ibirité (MG)
Dez detentos fugiram do presídio de Ibirité, região metropolitana de Belo Horizonte, por volta de 3h deste domingo. Não houve registro de rebelião, motim ou feridos.
16 de janeiro: Presídio Provisório Raimundo Nonato, em Natal (RN)
Um dia depois de Alcaçuz, o Presídio Provisório Raimundo Nonato, conhecido como Cadeia Pública de Natal, foi palco de detentos que tentaram derrubar uma parede. De acordo com a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), a polícia interveio e evitou a fuga. Não há informações sobre feridos.
18 de janeiro: Penitenciária Estadual do Seridó, em Caicó (RN)
Um preso foi morto à noite durante rebelião em um presídio no Rio Grande do Norte. O motim aconteceu na Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão, em Caicó.