A matriz do terrorismo tupiniquim mostra sua cara pela primeira vez no Facebook, no início de 2015, em chats de fãs do Estado Islâmico (EI). Alguns recém-convertidos ao extremismo trocam mensagens às claras e, depois, inbox (privadas). Um dos principais debatedores é o paranaense Levi Ribeiro Fernandes de Jesus, que usa o codinome de Muhammad Ali Huraia.
Ex-atendente de telemarketing, é um dos aliciadores de adeptos do EI (conforme as conversas interceptadas pela PF) e o primeiro a mencionar a Olimpíada como "grande oportunidade" de atentado. Até por isso, a investigação seria canalizada para a Justiça Federal do Paraná.
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Em 16 de fevereiro deste ano os proto-terroristas decidem procurar uma forma de comunicação considerada mais segura. Criam, no aplicativo Telegram, o grupo secreto denominado Defensores da Sharia. Reuniram 61 participantes.
"O grupo precisa ser bastante filtrado, só pessoas de confiança", alerta o atendente de supermercado Alisson Luan de Oliveira, o Alisson Mussab, um fluminense que prega a instalação de um califado (governo muçulmano) no Brasil, numa das mensagens interceptadas.
As mensagens começam com vídeos, compartilhados por Hortêncio Yoshitake, o Teo Yoshi, goiano radicado em São Paulo, com todos os do grupo. Eles mostram execuções sumárias de reféns praticadas pelo EI. Em alguns casos, tiros. Noutros, degolas e incêndio de pessoas vivas. Nas mensagens, todos os que se manifestam apoiam as cenas.
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O mesmo Teo Yoshi elogia o massacre praticado por um muçulmano fã do EI, em Orlando (EUA) numa boate gay. E se propõe a fazer algo semelhante no Brasil, citando a Parada Gay como alvo:
"Tenho vontade de sair para a (avenida) Paulista e mandar todas essas bichas para o inferno", escreveu, em mensagem ao grupo.
Oziris Moris Lundi de Azevedo, ex-funcionário da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e outro participante do chat, apoia e diz: "Gostei do ataque em Orlando".
É por essa época que dois agentes da PF ingressam nos grupos de apoio virtual ao Estado Islâmico e, a partir dali, gravam os planos dos extremistas, coletando provas das intenções terroristas do grupo.