Por volta de fevereiro, os mentores do grupo, entre eles Alisson e o mecânico Leonid El Kadre de Melo, recomendam que todos utilizem nomes árabes, para dificultar rastreamento e também como forma de mostrar simpatia pelo EI. Leonid, ex-presidiário de origem libanesa, usa o pseudônimo Abu Khaled e é de longe o mais experiente dos debatedores: está em liberdade condicional, condenado por assalto a banco e homicídio em Mato Grosso do Sul. Logo assume a liderança informal do grupo.
Leonid anuncia a todos a intenção de "sair do virtual e partir logo para o real", citando grupos terroristas da Indonésia, Líbia e Mali. Candidato a líder do grupo, ele conclama todos a ações de terrorismo: "Se a intenção for postar fotos de decapitações, mas sem realizar isso com as próprias mãos, me avisem, porque estou fora", desafia, em mensagem no Telegram.
O sul-mato-grossense diz que tem tudo planejado, inclusive viagens à Síria. Fala em passagens pela Bolívia e Venezuela para comprar armas. "Já tenho o lugar, conheço toda a região, onde se adquire armas (...) Tudo que preciso é a disponibilidade de vocês. Não estou prometendo vida boa. É cansaço, é sofrimento, é fome, é treinamento pesado e operações de risco. Mas é uma excelente forma de fazermos nossa parte. Temos dois destinos: vitória ou martírio", discursa ele.
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Juramento ao EI e desdém ao PCC
Em março, Leonid e Alisson anunciam juramento ao khalifa (líder religioso) Abu Bakr Al Baghdadi, líder máximo do Estado Islâmico. O verso principal, declamado via skype, diz:
"Presto testemunho de fidelidade ao khalifa Abu Bakr Al Baghdadi, tomando-o por Emir (líder) e prometendo diante de Allah (Deus) obedecê-lo em tudo que ele determinar, até que ele se mantenha obediente ao Alcorão e Sunnah".
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Leonid defende que o grupo faça um vídeo coletivo, com uma bayat (oração) de devoção ao EI.
O paranaense Levi, que se identifica como Muhammad Huraira, diz ter um tio ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital, organização criminosa paulista) e pergunta se conviria fazer aliança com esses bandidos. É desaconselhado pelos demais, com o argumento de que o grupo Defensores da Sharia deve ser "virtuoso".
"Do PCC só quero o dinheiro. Se vacilarem, a gente toma", bravateia Leonid.