A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público contra os quatro homens apontados como responsáveis pela morte da médica Graziela Lerias, 32 anos. O crime ocorreu no mês passado, na zona norte de Porto Alegre.
Com o recebimento do Judiciário, David Moreira de Oliveira, Richard Correa Petry, Fabio Nunes Comunal e Bruno Luz de Oliveira passam a ser réus no processo.
Os quatro criminosos foram indiciados pela Promotoria de Justiça Criminal Regional do 4º Distrito pelos crimes de latrocínio e fraude processual. Eles estão presos preventivamente.
Graziela estava com o carro, parado na sinaleira da avenida Sertório com Ceará, acompanhada da irmã, quando dois homens se aproximaram e tentaram abrir as portas do veículo. Ao perceberem as portas trancadas, abriram fogo, atingindo Graziela. As duas foram jogadas para fora do veículo, mas a médica foi levada em estado gravíssimo para o Hospital Cristo Redentor, onde morreu.
O que diz o Ministério Público:
O CRIME
Graziela estava ao volante, parada diante do semáforo fechado na esquina com a Avenida Ceará. A irmã, Priscila, estava no banco traseiro com os cães da família.
Richard Correa Petry tomou a dianteira e se aproximou do carro das vítimas, seguido por Davi Moreira de Oliveira e Bruno Luz de Oliveira, que lhe davam cobertura. Richard bateu no vidro com a coronha da arma e tentou abrir a porta, que estava travada, e os três gritaram: “sai do carro, sai do carro”. A seguir, Richard desferiu um disparo na abertura da porta, o que deu acesso à vítima Graziela e sua irmã, Priscila, arrancando-as do interior do veículo.
Richard atirou mais duas vezes contra Graziela na região abdominal. Graziela, depois, foi jogada pelos denunciados para o meio da pista, enquanto que Priscila foi empurrada para junto do meio-fio. Graziela só não foi atropelada pelo fluxo de veículos intenso da avenida, quando o sinal do semáforo abriu ao trânsito, porque a motorista do carro detrás atravessou o próprio veículo na via para proteger a vítima até a chegada do Samu.
A FUGA
Com o veículo, o celular e os documentos da vítima, os três tomaram o rumo do bairro Restinga, seguidos por Fabio Comunal no caminhão como “batedor” do carro roubado. Os quatro reuniram-se em um galpão na Vila Côco, na Restinga, em que ficam os caminhões do homem para o qual fazem as compras de hortifrutigranjeiros na Ceasa e a venda em cidades do Interior.
Naquela noite, entre 22h e 23h, Fabio Comunal, Richard Petry e Bruno de Oliveira esconderam o automóvel roubado da vítima na garagem do terreno da casa de uma ex-namorada de Fábio, onde ficaram tomando cerveja até irem embora numa Kombi.
A FRAUDE PROCESSUAL
Através do rastreador do iPhone da vítima, a família apurou a localização do celular e, possivelmente, do carro. No dia seguinte, no galpão onde ficam os caminhões, os quatro denunciados confraternizavam em um churrasco quando policiais civis estiveram no local e os levaram até a Delegacia para averiguações, liberando-os em seguida.
Temerosos, Fabio Comunal, Richard Petry e Davi de Oliveira retiraram o Citroen roubado da garagem e o levaram para um lugar ermo no Beco do Chapéu, onde Richard Petry e Bruno de Oliveira davam cobertura a Fabio Comunal, que encharcou de gasolina o veículo, e a Davi de Oliveira, que ateou fogo com um isqueiro pela janela do carro.
O veículo ficou carbonizado e Davi de Oliveira acabou ferido por queimaduras, o que suscitou, inclusive, atendimento médico. O incêndio é considerado fraude processual, já que alterou provas do processo contra eles.