Uma briga entre três taxistas e três motoristas do Uber, na manhã desta quarta-feira em frente ao aeroporto Salgado Filho, foi o episódio mais recente envolvendo as duas categorias, cujos conflitos foram acirrados desde o início das discussões sobre a regulamentação dos serviços de transporte de passageiros por meio de aplicativos.
O tumulto, que se iniciou por volta das 7h na área de embarque do aeroporto, durou poucos minutos e terminou com os seis motoristas lesionados. Um deles, que atende passageiros pelo Uber, foi encaminhado pela polícia ao hospital devido a um corte nas costas.
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Logo após o episódio, que reacendeu o debate sobre novas formas de transportes de passageiros na Capital, o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, voltou a pedir agilidade à Câmara de Vereadores para que vote o projeto de lei que regulamenta estes serviços pois, segundo ele, esta "tragédia é iminente".
De acordo com Cappellari, os ânimos envolvendo os motoristas estão acirrados há três meses e podem piorar caso a votação não ocorra com urgência.
Divergências entre motoristas
Enquanto recebia atendimento no Hospital Cristo Redentor, o motorista do Uber Cristiano Telles Lemos, de 27 anos, admitiu que pouco antes da briga ele e colegas esperavam por clientes no interior do aeroporto, mas destacou que a discussão foi provocada pelos taxistas.
_ Eu e mais dois colegas estávamos tomando café. Quando vi, um dos colegas se afastou para ver o carro dele. Neste momento, dois taxistas começaram a intimidar ele, falar alto, empurrar _ comentou.
A versão do supervisor do ponto de táxi do Salgado Filho, Jati Fante, é semelhante. Em entrevista à Rádio Gaúcha, disse que ele e dois colegas pediram ao motorista do Uber, que seria ex-taxista, que deixasse o local e respeitasse o trabalho "legal" deles.
No entanto, Fante alega que partiu do colaborador do Uber o início do briga. O taxista diz, ainda, que ninguém portava faca.
De acordo com o delegado Cléber Ferreira, da Delegacia de Polícia para o Turista (DPTur), as imagens das câmeras do aeroporto não apontam quem iniciou a briga nem mostram nenhuma arma branca.
– Podemos ver claramente que são dois grupos de pessoas brigando. Ambos caem no chão, sofrem e dão socos e pontapés. Mas não se percebe nenhuma arma na mão de ninguém – afirma Ferreira.
Pela imagem do ferimento nas costas do motorista do Uber (foto acima), o delegado afirma que provavelmente foi provocado por um objeto cortante, mas que poderia ser até mesmo uma chave.
– Somente o exame de corpo de delito vai nos dizer a extensão do ferimento – complementa ele.
Ferreira explicou que os seis envolvidos no caso prestaram depoimento entre a manhã e a tarde desta quarta-feira e logo foram liberados.
Os próximos passos da investigação serão analisar de forma minuciosa as imagens de câmeras de segurança, ouvir testemunhas que presenciaram a cena e aguardar o resultado do exame de corpo de delito – que deve ficar pronto em até duas semanas.
Segundo o delegado, a investigação deve apontar uma entre três possibilidades: lesão corporal, rixa entre os grupos ou tentativa de homicídio.
As duas primeiras podem ser resolvidas com termo circunstanciado, que é encaminhado à Justiça, enquanto o último teria de ser remetido à Delegacia de Homicídios.
– A meu ver, foram lesões mútuas ou rixa, mas vamos apurar – concluiu o delegado.