Sob a justificativa de que não quer alarmar a população, o comando do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) decidiu não comparar os índices criminais em Caxias do Sul durante a divulgação dos números da violência do primeiro semestre. Diferentemente de anos anteriores, o oficial responsável pelo batalhão reconhece que houve um aumento na criminalidade, mas não detalha qual é o percentual do avanço da violência na cidade.
O comandante do 12º BPM, tenente-coronel Ronaldo Buss, diz que realidade em 2015 é completamente diferente neste ano, impossibilitando uma avaliação justa do trabalho. A principal razão para o aumento da violência seria a diminuição de horas extras na corporação, resultado da contenção de gastos do governo estadual. Isso impactou em menos PMs nas ruas, e consequentemente, ampliou a percepção de que os bandidos estão agindo com mais facilidade.
No café com a imprensa na tarde de ontem, foram divulgados apenas os registros dos sete crimes analisados pelo programa Avante (ver quadro abaixo), projeto implementado pelo Comando-Geral da Brigada Militar que pretende inibir furtos e roubos, capturar foragidos e apreender armas. Com base em dados já divulgados em outras reportagens do Pioneiro, porém, é possível constatar crescimento de roubos a pedestre de janeiro a junho, por exemplo. Neste ano, a média mensal é de 144 casos. No primeiro semestre de 2015, a média era de 118 casos. Houve acréscimo também na média mensal de roubos a veículos: 73 ataques neste semestre contra a média de 49 no mesmo período do ano passado.
Sobre evitar a comparação com o mesmo período do ano passado, o oficial explica que está preocupado com a sensação de insegurança difundida nas redes sociais e na mídia, o que seria desproporcional se comparada à realidade da violência em Caxias do Sul. Buss entende que a cidade está com índices melhores do que a maioria dos municípios gaúchos, mesmo sem divulgar dados comparativos.
– Nosso percentual (de crimes) é aceitável. Diante da realidade que vivemos, estamos dando uma boa resposta. Infelizmente, não é a suficiente ainda – diz Buss.
De acordo com o tenente-coronel, até março do ano passado estava previsto o emprego de 10 mil horas extras por mês em Caxias. A quantidade disponível agora é 75% menor, ou seja, algo em torno de 2,5 mil. Como os 380 servidores lotados na cidade não são suficientes para manter o mesmo número de equipes em todos os turnos, as horas extras serviam para preencher as brechas. A expectativa é de que a situação melhore com a segunda fase do Plano Estadual de Segurança Pública, anunciada no final de junho, mas sem prazo de implantação.
– Estamos na segunda maior cidade do Rio Grande do Sul e contamos que governo estadual nos olhe com bons olhos no sentido de não permitir que Caxias chegue a um ponto de perder o controle da criminalidade. Afinal, estamos mantendo o controle da violência. Em qualquer lugar e qualquer horário, a força policial se faz presente para dar a resposta necessária – garante Buss.