A Polícia Civil realizou nesta segunda-feira (16) a Operação Palco, que combate uma rede de tráfico de drogas em Santa Maria, principalmente no Beco da Tela, na Vila Schirmer. Cerca de 60 policiais, entre Polícia Civil e Brigada Militar, participaram da ação.
Foram cumpridos12 mandados de prisão (quatro em Santa Maria) e 12 de busca e apreensão em Santa Maria e em Charqueadas. Há mandados, inclusive, dentro de presídios. A polícia apreendeu celulares, armas e bilhetes que bandidos usavam para se comunicar. A operação é realizada através da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Santa Maria, com o delegado Sandro Meinerz. No município, quem coordenou a ação foi o delegado Antônio Firmino de Freitas.
Em investigação que começou em julho deste ano, a polícia descobriu uma quadrilha comandada pelo bandido Seco (José Carlos dos Santos) de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Seco passou a comandar o tráfico em Santa Maria depois de ter conhecido, dentro da Pasc, Tucano (Edson Marcos Silva da Rosa), natural de Santa Maria. Tucano já era conhecido no município por furtos e roubos e, através da aliança com Seco e com a facção dos Bala na Cara, iniciou-se a disputa pelo tráfico no Beco da Tela. Tucano está atualmente na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm).
A investigação dá conta de que os criminosos passaram a se estabelecer no Beco da Tela devido ao fato de que o local já era conhecido pelo tráfico. No entanto, a quadrilha teve de expulsar os antigos traficantes que atuavam no local. Em uma das escutas telefônicas feitas pela Polícia Civil, Seco dá ordens para que Cláudio Dionatan Schultz Padilha oriente os comparsas a usarem toucas ninjas para expulsarem os antigos traficantes do local. Ele orienta para que digam aos antigos traficantes do Beco da Tela que, se não comprassem drogas deles, seriam expulsos.
A quadrilha também mantinha relação com o Campo da Tuca, em Porto Alegre, através da troca de armas e drogas, que era feita por terceiros. Essa era a grande moeda que eles utilizavam nessas transações: trocavam armas por drogas. Eram sempre pequenos transportes, de no máximo 2kg, para não chamar a atenção caso eles fossem pegos.
"O Seco hoje é um grande empresário do crime. É um sujeito que diversificou seus negócios, é um empresário moderno. Ele tem acesso à internet, tem celular e se comunica com todos", explica o delegado regional Sandro Meinerz.
Todas as ações eram coordenadas de dentro da Pasc, através de Seco com a ajuda de Tucano, que conhece a região. Através de Seco, Tucano identificou a possibilidade de ganhar dinheiro, já que os dois estariam expandindo a quadrilha já comandada por Seco. Também está envolvido no esquema o traficante Jura (Juraci Oliveira da Silva), responsável pela venda de drogas no Campo da Tuca, em Porto Alegre, e envolvido no assassinato do vice-presidente do Conselho Regional de Medicina, Marco Antônio Becker, em 2008. Em operação semelhante, policiais de Porto Alegre cumprem mandados em sete cidades do Rio Grande do Sul relacionados a crimes também comandados por Seco.
A Operação Palco tem este nome porque os apenados utilizavam a expressão “dominamos a cena” quando conseguiam levar drogas até as bocas de fumo.