Teréu começou, na década passada, com o domínio da venda de drogas em uma pequena região na zona leste da Capital. Xandi, àquela época, já detinha poder e teria, inclusive, fornecido entorpecentes para o negócio do então conhecido. Com o tempo, tornaram-se aliados. Desentenderam-se por causa de mulher. Ameaçaram-se de morte. Promoveram uma verdadeira guerra pela disputa de território, e que chegou a vitimar inocentes em Porto Alegre. Nesta quinta, o capítulo que marcou essa batalha urbana foi o assassinato de Teréu - Xandi havia sido morto em janeiro num ataque em Tramandaí -, dentro de uma cadeia, antes tida como de segurança máxima. As informações são do jornal Zero Hora.
O surgimento
Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, 32 anos, e Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, 35 anos, teriam se conhecido no início da década passada, quando Xandi começava a ganhar notoriedade por sua influência no tráfico de drogas. Até então, Teréu estaria envolvido com o pequeno tráfico no Beco dos Cafunchos, na Zona Leste, onde se criou. Logo, passou a ser abastecido pela quadrilha de Xandi.
A aproximação
A aliança entre os dois grupos aumentou há cerca de cinco anos, quando a facção dos Bala na Cara tentou uma ofensiva para tomar os pontos de tráfico nos Cafunchos. Foram repelidos graças ao armamento fornecido pela facção dos Manos, supostamente com Xandi à frente. Os dois, já aliados, passaram a administrar produtoras de funk e ganharam notoriedade com isso.
O motivo da briga
Em 2012, porém, a amizade foi estremecida. O motivo teria sido a traição de uma namorada de Teréu com Xandi. No ano seguinte, Teréu chegou a ser indiciado por tentar matá-la na Lomba do Pinheiro. Acabou absolvido. Os dois grupos racharam.
Confusão em casa noturna
Em outubro de ano passado, Xandi e Teréu brigaram durante uma festa na boate Stuttgart, no bairro Santana. Na confusão, os dois teriam trocado socos. O motivo da desavença seria mais uma discussão por causa de mulher. Um gerente de Xandi teria assediado a mulher de um integrante da gangue de Teréu. Antes que os dois patrões entrassem em consenso sobre a punição, Tereu teria ordenado a execução do aliado de Xandi sem sua autorização.
Assassinato em boate
Uma semana depois, no dia 3 de novembro, dentro da casa noturna Stuttgart, no bairro Santana, houve tiroteio entre os grupos de Xandi e Teréu. Tiago Querubim Silveira, o Zoreia, 19 anos, foi morto e outras 16 pessoas ficaram feridas. Zoreia atuaria no tráfico na Vila Cruzeiro e seria aliado de Xandi.
Tiroteio e duplo homicídio
Após o confronto, Xandi teria oferecido R$ 200 mil pela cabeça de Teréu. No dia 29 de dezembro, um ataque no Beco dos Cafunchos, na Rua João Antônio Lopes, deixou dois mortos no local. Homens em três carros escuros disparam diversas vezes contra Luan Santos da Rosa e Douglas da Silva Santos, o Ranho, que seria olheiro de Teréu na Vila. A 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (1ª DHPP) ainda busca indícios da autoria do duplo homicídio, mas há suspeita de que os responsáveis sejam aliados de Xandi.
O ataque e a morte de Xandi
No dia 4 de janeiro, Xandi foi morto por um tiro de fuzil na cabeça durante um ataque a casa de luxo que ele havia alugado para o veraneio com seus comparsas em Tramandaí, no Litoral Norte. A investigação da delegacia local suspeita de que o crime tenha sido ordenado por Teréu.
A reação à emboscada de Xandi
No dia 6 de janeiro, na Rua Zaire, outro homem que era apontado como olheiro de Teréu foi morto a tiros. Criminosos que chegaram em dois carros executaram Dionatas Silveira Minas, 28 anos. O ataque teria sido a primeira de três ações em retaliação à morte Xandi, com disparos contra pontos de tráfico no Beco dos Cafunchos.
A resposta de Teréu
Um homem, que seria aliado de Xandi, foi encontrado morto na Rua João Antônio Lopes, no dia 19 de janeiro. Paulo César Velasque Vargas teria sido deixado ali por um grupo em dois carros - um deles, um táxi.
Traficante preso em carro blindado
No dia 13 de abril, Teréu, que até então se escondia dos rivais sob a segurança de homens armados no Beco dos Cafunchos, é preso pela Brigada Militar quando saía de uma boate na Avenida Oscar Pereira em carro blindado. Os policiais apreenderam com ele e um casal um carregador de pistola 9mm. À noite, a Justiça decretou a prisão preventiva de Teréu, que foi enviado ao Presídio Central e, depois, transferido para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, a Pasc. Ele seguia sendo ameaçado de morte mesmo atrás das grades.
Inquérito policial
Depois de encaminhado à Pasc, Teréu chegou a ser ouvido pelos investigadores da DP de Tramandaí, que apuram a morte de Xandi. De acordo com o delegado Paulo Perez, ele negou participação naquele crime e pouco foi acrescentado à investigação. A polícia solicitou exames balísticos de todos os fuzis 5.56 apreendidos este ano no Estado para comparar com o material encontrado no local da morte de Xandi.
Incêndio em ônibus
No dia 19 de abril, o terror voltou à Capital. Por volta das 20h, três homens incendiaram um ônibus da linha 376-Herdeiros. Eles teriam obrigado cerca de 30 passageiros a descer e atearam fogo ao veículo. A suspeita da 21ª Delegacia de Polícia da Capital, que investiga o caso, é de que o ataque tenha sido executado por aliados de Xandi.
Homicídio de Teréu na cadeia
Nesta quinta, pelo menos oito homens teriam atacado Teréu no refeitório da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), o esfaqueado e o asfixiado até a morte. Momentos depois, cinco foguetórios foram ouvidos nas imediações do condomínio Princesa Isabel, que era base criminosa de Xandi.