As vítimas de suposta tortura cometida por policiais militares de Jaguarão se queixam de dores no corpo e traumas psicológicos. A Rádio Gaúcha conversou com algumas delas, que preferiram não se identificar por medo de nova represália.
Cinco dos ladrões mais reincidentes da cidade teriam apanhado durante quatro horas seguidas em um local apelidado de "chácara da porrada" para que um deles admitisse a culpa de furto na casa de um policial. Com a violência, um agredido afirma que teve de ficar 10 dias de cama. Mas ele relata que quem mais sofreu foi o bandido que acabou confessando o crime:
"Eram cinco dando nele de relho. Ele furava o saco plástico com a língua para respirar. Esse cara sofreu, esse cara tinha cada buraco no corpo, nas costas, e estava pelado".
Outra suposta vítima disse que desmaiou com uma sacola na cabeça. Desde então, sente dores por todo crânio:
"Davam com arma na cabeça, botavam sacola, faltou ar, tive que desmaiar. Não aguentei de tanto apanhar. Me acordei, jogaram água na cara, quiseram me lavar a cara em uma valeta ainda por cima. A cabeça me dói toda, por dentro toda hora, fica doendo, estou com nariz quebrado, os ouvidos estourados. Todo doído", reclama.
Mas as sequelas não foram só físicas. De acordo com a companheira de um terceiro envolvido, ele está com trauma psicológico. "O guri se acorda e sai porta afora, disparando. Sempre chorando que vão matar ele, se acorda de noite dizendo que precisa correr porque vão matar ele. O guri está em pânico", resume ela.
A promotoria denunciou seis policiais e um mecânico, que teria ajudado no crime. Os brigadianos estão presos e o mecânico usa tornozeleira em liberdade. O Batalhão ao qual os PMs pertencem registra outros episódios polêmicos, conforme reportagem da Gaúcha.