Roger Zanandréa (*)
Em uma área muito pequena do complexo cérebro humano, no centro do órgão, localiza-se uma região chamada substância negra. É nessa importante zona que é produzida a dopamina, neurotransmissor que, entre outras funções, responde pelos nossos movimentos. Ainda sem causas muito claras para a ciência, algumas pessoas sofrem com a degeneração das células desse espaço, acarretando declínio na produção do neurotransmissor. Como resultado, elas desenvolvem problemas motores.
Tudo isso faz parte de uma doença que acomete mais de 8,5 milhões de pessoas no mundo: o Parkinson. A enfermidade é lembrada em 11 de abril, no Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson.
Classificado como um distúrbio neurológico progressivo que afeta o sistema nervoso central, o Parkinson tem como sintoma clássico os tremores involuntários em repouso. Esses movimentos desordenados ocorrem, justamente, pela redução na produção de dopamina. Porém, não é só isso.
Pacientes com a doença também enfrentam a perda de equilíbrio, dificuldade na fala, lentificação dos movimentos e a rigidez muscular. Normalmente, esses dois últimos sintomas começam em um lado do corpo e, posteriormente, evoluem para o outro, agravando-se com o passar do tempo.
Apesar de bastante clássicos, esses indícios não são os únicos. Ainda existem os sinais chamados não-motores, como distúrbio do sono (sonhos, pesadelos e agitação durante o ato de dormir), constipação, perda de olfato (que, muitas vezes, acontece antes dos sintomas motores), e até mesmo depressão.
O diagnóstico da doença de Parkinson, atualmente, é confirmado por meio de uma avaliação clínica. Contudo, eventualmente, pode-se lançar mão de exames de Medicina Nuclear, como cintilografia de perfusão cerebral, a fim de excluir outras causas desses sintomas.
Mais recentemente, um estudo norte-americano mostrou a eficácia de uma biópsia de pele para detectar a enfermidade. Conforme artigo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), um simples teste cutâneo foi capaz de detectar uma forma anormal de alfa-sinucleína, proteína considerada a marca patológica do Parkinson.
Ainda que não tenha cura, existem tratamentos para conter a progressão da doença, oferecendo qualidade de vida aos pacientes. Além de terapias medicamentosas, uma minoria dos indivíduos pode receber indicação de cirurgia, que tem como objetivo reduzir os tremores e a rigidez dos membros superiores. Para isso, no entanto, é importante que o diagnóstico seja precoce.
Neste dia 11, é importante lembrar que, no Brasil, existem cerca de 200 mil pessoas que convivem com a doença, e elas necessitam de informação e de ajuda. Precisamos, além de medicamentos, disseminar conhecimento sobre a enfermidade e ter resiliência para encarar suas dificuldades. Seja em casa ou seja como sociedade em geral.
(*) Médico neurologista do Hospital de Clínicas Ijuí