Há 140 anos, o médico alemão Robert Koch descobriu a bactéria causadora da tuberculose, episódio que representa um marco para o combate à doença. Isso aconteceu em 24 de março de 1882 e, desde então, a medicina avançou muito em prevenção, diagnóstico e tratamento.
Mesmo assim, a tuberculose segue sendo um desafio para a saúde pública no Brasil e no mundo, sendo atualmente a segunda principal causa de morte por agente infeccioso no planeta, atrás apenas da covid-19.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o mundo passa por um retrocesso em relação à tuberculose. No relatório global mais recente que a entidade produziu sobre a doença, foi constatado que em 2020, pela primeira vez em dez anos, houve um aumento no número de mortes, sendo contabilizadas cerca de 1,5 milhão em todo o mundo. Conforme este documento, o Brasil foi o segundo país em números de casos, com mais de 66 mil ocorrências notificadas.
Relação com a covid
A OMS relaciona a piora nos números à pandemia do coronavírus, pois entende que ela causou uma interrupção no acesso aos serviços de tuberculose e uma redução de recursos alocados para a prevenção e tratamento desta doença. Neste contexto, a entidade trabalha com uma estimativa de subnotificação dos casos — seriam quase 5 milhões no mundo — e de continuação do crescimento na estatística de morte nos próximos relatórios.
Este cenário torna o Dia Mundial da Tuberculose (24/3), data instituída em alusão à descoberta do bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), ainda mais importante neste ano. A efeméride foi concebida pela OMS com o objetivo de chamar a atenção de governos para a promoção de políticas de saúde voltadas para o controle e erradicação da doença, mas também tem a intenção de conscientizar a população sobre os cuidados de prevenção e de tratamento da enfermidade.
O que é a tuberculose
A tuberculose é uma infecção bacteriana que pode acometer diversos órgãos e sistemas, mas afeta mais comumente o sistema respiratório. É uma doença transmissível, mas tem vacina e, em 85% dos casos de contaminação, os pacientes terminam o tratamento curados.
Transmissão
A forma mais comum de transmissão é direta, de pessoa para pessoa. Como a bactéria se aloja de forma mais comum no aparelho respiratório, o vetor na maioria dos casos são aerossóis ou gotículas de saliva expelidas na fala ou na respiração. Há, no entanto, fatores que contribuem para a contaminação, em especial condições que baixam a imunidade, como tabagismo, etilismo, má-alimentação, condições precárias de higiene e o uso de drogas.
De acordo com o Ministério da Saúde, o risco de contrair ou ter complicações da tuberculose é maior em pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social, em especial portadores do vírus HIV, pessoas privadas de liberdade, pessoas em situação de rua e indígenas.
Prevenção
A forma mais básica de prevenir o surgimento de casos graves da doença é por meio da vacinação. A vacina popularmente conhecida como BCG (Bacillus Calmette-Guérin) deve ser aplicada em todas as crianças, entre o nascimento até ela completar cinco anos.
Os demais cuidados que podem ser adotados para evitar a infecção são parecidos com os recomendados por especialistas para se proteger da covid-19, ou seja, evitar aglomerações em locais fechados e adotar o uso de máscaras de proteção nessas situações.
No caso de alto risco de contaminação, como quando um membro do núcleo familiar tem a doença confirmada, por exemplo, existe tratamento preventivo contra a tuberculose, feito à base de um antibiótico específico.
Sintomas
Os principais sintomas de tuberculose se apresentam no sistema respiratório, pois é a região atingida com mais frequência pelas bactérias. Uma tosse (seca ou carregada) que persiste por um período maior do que três semanas deve ser investigada com suspeita para a enfermidade. Outros sintomas clássicos da doença são falta de apetite, emagrecimento, febre baixa (especialmente no período da tarde), sudorese noturna e sensação de cansaço ou prostração.
A doença se manifesta conforme a região do corpo em que há infecção, portanto, nos casos em que a bactéria se aloja em outra parte que não o aparelho respiratório os sintomas são diferentes. Há, ainda, casos em que os pacientes não apresentam sintomas ou os sentem em uma intensidade tão discreta que podem chegar a ficar anos sem um diagnóstico.
Tratamento
Ao mesmo tempo que é simples, o tratamento exige disciplina para ser bem-sucedido. Segundo o Ministério da Saúde, o índice de cura para tratamentos realizados da forma correta é de 100%, mas a duração é longa — seis meses — e exige comprometimento diário do paciente, que precisa seguir tomando a medicação mesmo após o desaparecimento dos sintomas, o que ocorre já nas primeiras semanas. Caso as orientações não sejam seguidas à risca, a infecção pode retornar, e pior, com bactérias resistentes aos antibióticos.
Toda medicação é disponibilizada gratuitamente na rede pública de saúde e é recomendado o acompanhamento no regime de Tratamento Diretamente Observado, que inclui a observação da ingestão dos remédios por um profissional da saúde.
Fontes: Ministério da Saúde, Organização Mundial da Saúde
Produção: Állisson Santiago