A córnea é a membrana transparente que recobre a parte frontal do olho.
Qual a sua importância?
Ela é responsável por 2/3 da capacidade total de focalização dos objetos pelo olho humano, sendo um elemento de defesa e proteção ocular.
Por que o transplante é feito?
O transplante de córnea é realizado para corrigir defeitos na transparência ou na regularidade do tecido corneano, que podem acarretar perda da visão.
Que defeitos são esses?
Perda de transparência:
A córnea perde a sua estrutura uniforme e torna-se opaca, dificultando a transmissão da luz até a retina e o nervo óptico.
Irregularidades:
Acidentes, traumatismos, doenças adquiridas ou defeitos genéticos podem levar à perda da regularidade do tecido corneano. A causa mais frequente do transplante por irregularidade é o ceratocone – enfermidade que altera a estrutura da córnea.
Como é realizado o transplante?
Existem duas técnicas cirúrgicas. Ambas são realizadas, costumeiramente, com anestesia local, embora possa ser empregada a geral em casos específicos.
Pré-operatório
Quando o médico confirma que o defeito é na córnea, o paciente é encaminhado para uma lista de espera única (inclui particulares, SUS e convênios) onde aguardará um doador. Assim que houver a disponibilidade de córnea na Central de Transplantes do RS, a equipe é mobilizada, o paciente é chamado e a cirurgia é agendada.
Técnicas utilizadas
Penetrante: por meio de uma lâmina (trépano), é feito um corte circular de 8 a 9 milímetros de diâmetro de toda a espessura da córnea. Em seguida, pinças posicionam o novo tecido corneano doado e o fixam no local apropriado por meio de pontos de náilon menores do que um fio de cabelo.
Lamelar (anterior e posterior): no lamelar anterior, ocorre a remoção apenas da camada mais externa do tecido corneano (estroma), enquanto que, no posterior, remove-se a parte mais interna da córnea (endotélio). A vantagem dos procedimentos é serem menos invasivo e apresentarem um tempo de recuperação menor.
Pós-operatório
A recuperação requer o emprego de colírios, medicamentos anti-inflamatórios e antibióticos. Recomendações importantes são não coçar os olhos, usar rigorosamente toda a medicação prescrita e fazer acompanhamento médico regular. O tempo depende do procedimento:
- Penetrante: em torno de um ano
- Lamelar posterior: 15 a 30 dias
- Lamelar anterior: ao redor de seis meses
E os pontos?
Alguns podem ser removidos por estarem causando inflamações, vascularização ou desconforto. Outros são ajustados para readequar o grau de astigmatismo para o uso de óculos ou lentes de contato. Em alguns pacientes, os pontos permanecem por vários anos.
Compatibilidade e ordem de chegada
No caso da córnea, a compatibilidade sanguínea entre o doador e o receptor não é um fator tão importante, pois o tecido corneano não apresenta vasos sanguíneos, o que diminui a chance de rejeição. A fila de espera dos receptores segue rigorosamente a ordem cronológica de inscrição. Apenas quadros extremos, como pacientes com perfurações ou infecções graves, possuem prioridade.
Fontes: Roberto Freda, diretor clínico e coordenador da Equipe de Transplantes do Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre, e Alexandre Marcon, chefe do serviço de oftalmologia e diretor do Banco de Tecidos Oculares da Santa Casa.