A administração de analgésicos por via peridural não desacelera o trabalho de parto, segundo um estudo americano publicado na terça-feira (10), que desmente uma crença popular. A pesquisa, publicada pela revista médica Obstetrics and Gynecology, sugere que a prática, habitual nos hospitais, de interromper a peridural ou reduzir seus efeitos no final do trabalho de parto poderia ser "obsoleta e imprudente".
A anestesia peridural, que leva medicamentos às zonas nervosas da coluna vertebral através de um cateter, é amplamente utilizada no mundo todo desde os anos 1970 para reduzir as dores durante o parto.
Para o estudo, 400 mulheres concordaram em receber uma peridural no início do trabalho de parto e depois, eventualmente e sem seu conhecimento, continuar recebendo a anestesia ou passar a receber um placebo.
Nenhum dos participantes no experimento (grávidas, pesquisadores, obstetras e parteiras) sabia o que estava sendo administrado pelo cateter, um método de ensaio conhecido como "duplo-cego", a fim de assegurar a confiabilidade e a imparcialidade do estudo.
Quanto mais dura o trabalho de parto, mas este apresenta riscos, sobretudo para a saúde do bebê. Para evitar essas complicações, os obstetras com frequência decidem interromper a peridural.
Os resultados do estudo indicam que, com ou sem a anestesia, a duração do parto é similar: 52 minutos para as mulheres que receberam a peridural e 51 para aquelas que receberam a solução salina, uma diferença de 3,3%.
A peridural também não tem efeitos sobre a saúde ou a posição do bebê ao nascer, a taxa de partos por via natural e qualquer outra medida de bem-estar do recém-nascido, aponta o estudo. O estudo precisou ser interrompido em 38 casos (21 com peridural e 17 com placebo) por diversas complicações.
Como estava previsto, as mulheres que deixaram de receber a peridural tiveram um fim de parto mais doloroso.
—Duas vezes mais mulheres que receberam o placebo relataram menor satisfação com o alívio da dor em comparação com aquelas que receberam o anestésico — disse o autor principal do estudo, Philip Hess, professor da Escola de Medicina de Harvard, pedindo mais pesquisas sobre o assunto.
— Nós não vimos nenhum efeito negativo, mas a analgesia peridural na segunda etapa do trabalho permanece controversa e merece estudos complementares.
* AFP