Apenas 22 municípios, o equivalente a 1% dos 5.570 municípios brasileiros, têm 80% ou mais das meninas de nove a 14 anos com esquema vacinal do HPV completo, ou seja, que tomaram as duas doses necessárias para que fiquem imunes ao vírus. Os dados foram divulgados na quarta-feira em coletiva de imprensa conjunta dos Ministérios da Saúde e Educação. Em números absolutos, isso significa que 5,5 milhões de meninas não estão completamente protegidas.
Segundo os dados do Ministério da Saúde, 92,4% das meninas tomaram a primeira dose e 55% a segunda, garantindo a imunização. Quando considerados os municípios, apenas 1% têm a cobertura vacinal considerada adequada pela pasta. Outros 2.403 (43%) têm cobertura baixa, com 50% a 80% das meninas com o esquema completo e 2.906 (52%) tem uma cobertura considerada muito baixa - de 0% a 50% de meninas que tomaram as duas doses.
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– São 16 mil mulheres que têm câncer provocado por HPV, 5 mil mortes por ano por esses cânceres provocados por HPV. Portanto, a vacinação do HPV é fundamental para nós diminuirmos o impacto na saúde dos brasileiros – enfatizou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
De 2014 a 2016, 5,8 milhões de meninas de nove a 14 anos foram imunizadas com as duas doses, o que equivale a 55% do total dessa faixa etária. A meta da pasta é chegar a 80%.
Nas escolas
Para reforçar a importância e tentar alcançar mais meninas, os ministérios da Saúde e da Educação reforçaram parceria e lançaram hoje campanha publicitária e de conscientização. Além disso, haverá vacinação nas escolas. Serão distribuídas 10,5 milhões de doses contra o HPV para vacinar 8,3 milhões de meninas e meninos - incluídos este ano no esquema de vacinação.
As pastas têm uma parceria permanente pelo programa Saúde na Escola. Uma intensificação da campanha fez com que grande parte das meninas recebesse a primeira dose. Agora os ministérios querem reforçar o compromisso e ampliar também a aplicação da segunda dose.
– A vacina só é efetiva se tem cobertura acima de 70% e se as duas doses são tomadas pelas meninas – reforça a coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações substituta, Ana Goretti Maranhão. A campanha será em escolas públicas e privadas.
– Vamos mudar o enfoque. Levar essa vacina para onde o adolescente está é fundamental para essa cobertura – explica Ana.
A ampliação da cobertura para garotos em 2017 inclui meninos de 12 e 13 anos. A faixa etária será ampliada até 2020, quando chegará a meninos de nove a 13 anos. A expectativa é imunizar mais de 3,6 milhões de meninos. Também serão imunizadas 99,5 mil crianças e jovens de nove a 26 anos vivendo com HIV/aids, além de pessoas imunocomprometidas, transplantadas de órgãos ou medula óssea e pacientes oncológicos.
A inclusão de meninos, segundo Ana Goretti traz equidade.
– Todos os estudos evidenciam que o HPV tem desfecho negativo não só nas meninas como nos meninos – diz.
Meningite C
O governo também decidiu conjugar esforços e ampliar a vacinação contra meningite C. Atualmente, há a aplicação de duas doses aos três e cinco meses de idade. Depois, um reforço aos 12 meses, podendo se estender até os quatro anos. Aos 12 e 13 anos é aplicada uma dose de reforço. Como se trata da mesma faixa etária do HPV, será feito um esforço conjunto também para o reforço da meningite C. A meta é vacinar 80% da faixa etária.
Ajuda de Youtuber
A campanha publicitária do governo incluirá games - o jogo Detona Vírus estará disponível para iOS e Android a partir do dia 19 de março - webséries, cartazes, jingles, outdoors e conteúdos especiais para WhatsApp e para as redes sociais do Ministério da Saúde, entre outras ações.
As escolas receberão material informativo sobre as doenças e as consequências delas e serão enviadas cartas para professores, alunos e familiares alertando sobre a importância da vacinação.
Outra estratégia adotada pela pasta será a contratação do youtuber Zangado, que tem um canal sobre games. Com mais de 3,5 milhões de seguidores, ele dará dicas de como passar de fase no jogo do ministério.