O Caderno Vida ouviu especialistas que discutem as regras de determinadas dietas, como o intervalo adequado entre uma refeição e outra e os possíveis efeitos nocivos de um jejum prolongado. Nesta parte da reportagem Tempo de Comer, especialistas avaliam a prática adotada por algumas celebridades na busca por um emagrecimento rápido.
Basta que uma celebridade divulgue fotos da silhueta, esculpida graças à mais nova dieta da moda, para que os fãs se empolguem e queiram seguir a mesma receita – em geral, uma fórmula aparentemente superpoderosa e infalível para a perda rápida de muitos quilos.
O chamado jejum intermitente atraiu grande atenção no Brasil no ano passado, quando a atriz Deborah Secco revelou ter recuperado a forma, após dar à luz a primeira filha, com o esquema de alimentação a intervalos de até 23 horas. Com uma prescrição pobre em carboidratos e rica em gorduras, a artista da Globo contou, em entrevista à revista Glamour, que comia apenas quando sentia fome, momento em que chegava a ingerir seis bifes acompanhados de queijo, ovos e bacon.
O assunto divide especialistas. A nutricionista Thatiana Ferreira, do Rio de Janeiro, cita como benefícios do jejum intermitente o emagrecimento rápido, a redução do colesterol e do percentual de gordura corporal, o aumento da disposição e a melhora do funcionamento intestinal. O paciente, segundo ela, deve jejuar por até dois dias não consecutivos na semana, respeitando períodos de 12, 16 ou 24 horas em que só é permitida a ingestão de água – enquanto o organismo se ocupa de queimar a gordura em excesso.
– Tem que ser algo progressivo. A pessoa não pode começar do nada e ficar mais de um dia sem comer – aconselha Thatiana.
A nutricionista relata que é grande o interesse por essa dieta entre os pacientes que chegam ao seu consultório. Mas nem todos que querem se submeter ao programa têm a vontade atendida – diabéticos, grávidas e lactentes, entre outros, são orientados a seguir outros tipos de regime. Quem tende à compulsão, alerta ela, também deve evitar passar longos períodos sem comida, sob o risco de perder o controle na refeição seguinte. A prática de exercício físico concomitante deve ser avaliada, já que pode causar mal-estar.
– Uma pessoa mais leiga pode arregalar o olho: "Vinte horas sem comer? Um absurdo!". Se o jejum intermitente é feito com um bom profissional, de forma correta, é uma boa prática. Não vejo malefício – opina Thatiana.
O endocrinologista Airton Golbert alega que falta amparo científico à prática do jejum intermitente e não o recomenda. A curto prazo, diz o médico, qualquer dieta apresenta resultados.
– Essas coisas mágicas para emagrecer estão sempre em voga. É como várias outras dietas da moda. Se a pessoa fizer restrições, vai conseguir emagrecer por um período curto. O problema é a médio e longo prazo – comenta Golbert. – A dieta deve ser individualizada para cada paciente. É preciso comer menos e se mexer mais.
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