Popularmente usada por cirurgiões plásticos para diminuir as linhas de expressão em pacientes, a toxina botulínica poderá ser utilizada em tratamentos odontológicos. Uma resolução do Conselho Federal de Odontologia (CFO) aprovada no início de setembro e que deve ser publicada esta semana no Diário Oficial da União dará segurança aos dentistas e à população que deseja tratar casos como bruxismo, distonia, sialorreia e sorriso gengival (leia mais sobre as indicações ao lado) com o uso de botox e preenchedores faciais – como o ácido hialurônico.
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A toxina botulínica e o ácido hialurônico são de uso temporário e exigem reaplicação em dosagens progressivamente menores – de quatro a seis meses e após um ano, respectivamente. O custo pode variar de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil por sessão, dependendo da dose e das áreas onde serão aplicadas as substâncias. É possível que haja leve desconforto no momento da injeção e, algumas situações, é preciso anestesia local.
Segundo o professor especialista em ortodontia Fernando Buranello, as substâncias agem para corrigir a contração excessiva da musculatura:
– Vai trazer benefícios quando aplicada em músculos que estejam trabalhando em hiperfunção. O dentista vai tratar o reequilíbrio miofuncional (do funcionamento do músculo), pensando em um envelhecimento saudável. O uso pode ser terapêutico ou funcional, mas os dois aspectos caminham juntos.
Ainda segundo Buranello, as contra-indicações estão relacionadas, principalmente, à hipersensibilidade, ou seja, à alergia.
– É importante uma anamnese bastante detalhada para identificar possíveis reações indesejadas. Também não aconselhamos o uso em crianças, grávidas e para quem está amamentando. O ideal é que os pacientes tenham a partir de 25 anos. Sobre esses cuidados, é importante ainda que os pacientes procurem profissionais coerentes e capacitados. Já há cursos no Brasil para aplicação dessas substâncias.
A presidente da comissão de ética do Conselho Regional de Odontologia de Santa Catarina, (CRO-SC) Caren Bueno San Thiago, destaca a utilização do botox no tratamento do bruxismo após sucessivos estudos científicos.
– Em casos mais graves, associamos a placa de Michigan (placa miorrelaxante) e toxina botulínica, porque tem pacientes que quebram a placa em uma semana. O mesmo ocorre com o apertamento, que provoca dores de cabeça.
Já no âmbito da estética, a profissional vê bons resultados na aplicação dessas substâncias naqueles casos em que a gengiva fica mais aparente do que os próprios dentes durante um sorriso:
– A primeira descoberta foi para correção do sorriso gengival. Para diminuir a força muscular, puxar menos o lábio para cima e aparecer menos a gengiva. É o sorriso de várias artistas, como o da Wanessa Camargo, só olhar no Instagram. Há respaldo para atuarmos nessa área, porque o dentista conhece toda a musculatura que envolve a boca, todo o meio da face. É conhecimento básico, até para a anestesia tem que saber – defende Caren.
Entidade dos Cirurgiões Plásticos condena o uso
Mas a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não concorda:
– A SBCP é contrária à resolução aprovada pelo Conselho por entender que os cirurgiões-dentistas não são capacitados a atuar com essa substância na face. A posição da entidade é de que essa atuação seja limitada ao médico cirurgião plástico, enquanto os tratamentos odontológicos sejam de atribuição do dentista – afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa.
A fiscalização do uso adequado das substâncias, relacionado à dosagem e à área anatômica de atuação do profissional da Odontologia, fica a cargo das vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. Caso o profissional ultrapasse o limite de sua atuação, será responsabilizado administrativamente pelo conselho da categoria.
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