Não é de hoje que a maconha tem sido estudada como princípio ativo para cura de uma série de doenças. Seja no combate a convulsões ou até para casos de esclerose múltipla, seu uso ainda é controverso em diversos países. A novidade, agora, é que ela foi apontada como possível chave para tratar o Alzheimer. As informações são do jornal The Huffington Post.
Um estudo publicado no Aging and Mechanisms of Disease revelou que um dos componentes da droga provocou a remoção da proteína beta-amiloide, característica da doença, das células nervosas. Esta proteína se acumularia no cérebro, formando placas que dificultariam a comunicação entre os neurônios, o que traria sintomas como perda de memória, por exemplo.
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Ainda sem saber com precisão que papel a proteína desempenha na doença, os pesquisadores induziram uma superprodução da substância e identificaram que ela aumentou a inflamação dos nervos e provocou a morte celular. O composto de maconha reduziu a produção de beta-amiloide, diminuindo, também, a inflamação das células.
De acordo com os cientistas, as células nervosas no cérebro contêm receptores que são ativados por moléculas lipídicas conhecidas como endocanabinoides. Elas são produzidas naturalmente pelas células nervosas e, segundo investigaram, ajudam na comunicação entre as células. A maconha contém uma substância chamada tetra-hidrocanabinol (THC), que é semelhante a estas moléculas, o que ativaria esses mesmos receptores.
No Brasil, derivado da maconha é liberado para fins medicinais
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu em janeiro que o canabidiol (CBD), um derivado da maconha usado para fins medicinais, não faz mais parte da lista de substâncias proibidas no Brasil. Com a decisão, a substância passou da lista F2, que inclui os compostos proibidos, para a lista C1, de substâncias controladas, como medicamentos, cuja pesquisa, desenvolvimento e registro precisam ser aprovados pela Anvisa.
Segundo estudos científicos, o canabidiol tem utilidade médica para tratar diversas doenças neurológicas, como epilepsia e esclerose múltipla. Ao contrário do THC, o CBD não tem efeito entorpecente.
Como ainda não existe produto com canabidiol registrado no Brasil, os pacientes continuam tendo que importá-lo. Por isso, a Anvisa também aprovou uma iniciativa regulatória para normatizar a importação e permitir que famílias e pacientes tenham um processo mais rápido.