Que tal correr atrás de saúde? Além de aumentar o condicionamento físico e fortalecer os músculos, a corrida melhora a capacidade cardiorrespiratória, a pressão arterial, ajuda no emagrecimento, previne o estresse e a depressão e causa a sensação de bem-estar psicológico, já que a corrida inunda o organismo do atleta com endorfina. São motivos suficientes para dar um chega para lá na preguiça e dar os primeiros passos.
Mas também é preciso tomar cuidado. Se o corredor não estiver preparado, pode desenvolver lesões ou agravar problemas que já existem.Por isso, antes mesmo de dar as primeiras passadas, o ideal é que a pessoa saiba em que nível a saúde dela está.
– Primeiro, é aconselhado fazer o exame médico, principalmente com um cardiologista, pois ele poderá analisar de forma específica cada caso, com o teste de esforço na esteira e o ecocardiograma, por exemplo. Depois, é indicado que a pessoa faça uma avaliação com o fisioterapeuta para fazer um check-up das articulações, da parte muscular e postural, para ver se a pessoa tem algum desvio ou alguma dor – explica Zadro Jornada Monteiro, fisioterapeuta e educador físico do Centro Integrado em Reabilitação e Exercício (Cire) de Santa Maria.
Mas a preparação também inclui um trabalho de fortalecimento muscular. De acordo com o profissional, depois da avaliação médica, a pessoa deve buscar suporte para aguentar a demanda e entender as técnicas da corrida. Nesse caso, o mais aconselhado é um treinamento físico funcional para a musculatura e articulações.
– Depois disso, o ideal é que a pessoa procure um grupo de corrida ou um personal trainer para um treino mais específico. O indicado para iniciantes é começar de uma maneira leve. O trabalho sempre se inicia do simples para o complexo e do leve para o intenso – lembra Zadro.
Não desista!
Para o educador físico Neto Barros, da GoFit Assessoria Esportiva, alguns pontos são fundamentais para manter o incentivo de quem está iniciando:
– O início é a fase de adaptação, por isso, é importante não pular esta etapa. No começo, as dores são frequentes e fazem parte da rotina do corredor. Quando o corpo acostumar com os estímulos, as dores vão sumir. É bom ter em mente que o condicionamento vai melhorar e que não é preciso ter pressa.
O ideal é que a corrida seja feita ao ar livre, em locais seguros, com asfalto pouco acidentado ou em pista de corrida.
– O melhor é praticar a corrida ao ar livre, pois, ali, você tem uma situação real e com diferentes estímulos, como subidas e descidas ao longo do trajeto. No entanto, é necessário um pouco mais de atenção, principalmente em relação ao trânsito – comenta Neto.
Em Santa Maria, muitos corredores aproveitam para se exercitar e treinar nas pistas de caminhada da cidade, como no Centro Desportivo Municipal (Farrezão) e na pista da Brigada Militar, no bairro Nossa Senhora das Dores. Para quem prefere correr na rua, a dica é ter atenção redobrada, já que as calçadas e vias com má pavimentação podem ocasionar lesões e alguns tombos.
A cada passo, a superação
A aposentada Mara Lucia Almeida Bettinardi, 56 anos, começou a correr para melhorar a saúde e o condicionamento físico há cerca de quatro anos. Com glicose alta, ela recebeu do médico a indicação para fazer uma atividade física e, logo, entrou na academia. Aos poucos, foi criando coragem e arriscou as primeiras passadas.
– Eu comecei na brincadeira. Achava caminhada muito sem graça e, com o incentivo do professor, fui correr na esteira. Eu não fazia nada antes disso. Quando eu comecei a correr na rua, achei que era só colocar o tênis e sair correndo, mas, depois, eu vi que não era bem assim. Correr é uma terapia. Nos dias em que eu não corro, o corpo sente falta – comenta.
Aos poucos, Mara foi superando pequenos desafios. Na sua primeira corrida oficial, há cerca de três anos, ela se inscreveu na categoria de três quilômetros e percorreu o trajeto alternando a corrida com a caminhada, método indicado pelos profissionais para corredores iniciantes. Hoje, ela treina individualmente três vezes por semana, seguindo uma planilha de orientações que é repassada pelo personal trainer. Além disso, ela faz musculação durante a semana e, aos sábados, intensifica o treino com exercícios funcionais e uma corrida longa, de 8 a 12 quilômetros.
Em abril, Mara conseguiu outro grande feito: ela participou da rústica de 8 Km da Maratona Internacional de São Paulo e terminou o percurso em 51 minutos, “sem caminhar”.
– Para a gente, parece que cada dia é um desafio. Hoje, eu não tenho dor de cabeça, minha glicose e colesterol estão ótimos. Minha meta, agora, é conseguir completar os 15 quilômetros da Corrida de São Silvestre, no final do ano – conta.