Mais de cem mil prescrições médicas de antidepressivos foram analisadas pela epidemiologista Jenna Wong, professora da Universidade McGill, no Canadá, e o que ela percebeu é que metade dos pacientes não estava, de fato, deprimido. O estudo de Jenna foi publicado na edição de maio da revista médica Jama. As receitas foram dadas por 160 médicos a 20 mil pacientes. De acordo com a pesquisadora, 55% das prescrições de antidepressivos foram indicas para depressão. As indicações restantes foram para usar medicamento para tratar ansiedade, insônia, dor, deficit de atenção e até bulimia.
– Entre a comunidade científica já havia essa suspeita de que alguns médicos receitam antidepressivos para outros usos. É um fenômeno interessante – disse a pesquisadora à revista Time, que se mostrou apreensiva sobre a descoberta.
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De acordo com Jenna, não há estudos que comprovem os benefícios dos antidepressivos para tantos outros usos, como em casos de enxaqueca. Jenna e a equipe de pesquisadores que participaram do estudo não investigaram sobre os motivos que levaram os médicos a prescrever drogas antidepressivas para tratar outros problemas, mas a suspeita é de que os especialistas estão prescrevendo esse tipo de medicamento como último recurso.
– Alguns problemas não têm tratamento exato e os pacientes podem chegar ao consultório já desesperados por tratamento – afirmou a autora do estudo.