Uma pesquisa divulgada na semana passada pelo Ministério da Saúde revelou dados preocupantes sobre o consumo de doces entre os brasileiros: um em cada cinco adultos tem uma alimentação rica em açúcar – o que significa ingerir doces cinco ou mais vezes na semana. Entre jovens de 18 a 24 anos, o percentual atinge 28,5% da população com essa faixa etária. O levantamento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2015) ainda mostrou que 30% desse público bebe refrigerante diariamente. Foram entrevistados por telefone 54 mil adultos que vivem nas capitais brasileiras.
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A vontade de comer doces, de acordo com a endocrinologista Gabriela Teló, nasce de uma memória que traz sensação de prazer, construída no momento da ingestão do alimento. A médica explica que, de maneira em geral, o consumo não deve fazer parte da rotina alimentar das pessoas, podendo ser feito de forma esporádica e em pequena quantidade. Algumas recomendações sugerem que a ingestão diária de açúcar não deva ser maior do que 100 calorias por dia para mulheres e 150 para homens.
– O consumo excessivo de doces pode aumentar o risco de obesidade, diabetes, hipertensão, colesterol elevado e doenças cardiovasculares. Em um estudo que acompanhou mais de 10 mil pessoas por cerca de 15 anos, aqueles que consumiam 25% ou mais das calorias diárias sob forma de doces ou açúcar apresentaram o dobro de risco de morrer por problemas do coração do que aqueles que consumiam menos de 10% das calorias diárias sob forma de doces ou açúcar – ressalta Gabriela.
Na pesquisa do Ministério da Saúde, outro dado que chamou atenção foi a posição de Porto Alegre no ranking das capitais com os maiores índices de diabetes: 8,7% dos porto-alegrenses têm a doença, o que representa a vice-liderança no Brasil, ficando atrás somente da cidade do Rio de Janeiro. Gabriela Teló acredita que a explicação está ligada diretamente ao fato de a capital gaúcha também ocupar as primeiras colocações no país no que se refere a obesidade da população:
– A associação de obesidade e diabetes já é bem conhecida, e esta é, possivelmente, uma das principais causas do maior número de indivíduos com diabetes na nossa cidade.
Cortar todo o açúcar da alimentação, de uma vez só, pode piorar a compulsão por doces. O ideal é que, gradativamente, se faça a substituição de doces e açúcares por alimentos mais nutritivos, como frutas e alimentos integrais. Estudos mostram que se leva, em média, 66 dias para que um novo hábito passe a fazer parte da nossa rotina. Lembrar desse dado pode ajudar a manter o foco e a motivação em busca de uma vida mais saudável.
Veja algumas dicas que podem ajudar a diminuir o consumo de doces no dia a dia: