Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto D'Or de Ensino e Pesquisa (IDOR) estão desenvolvendo uma nova linha de estudos para desvendar o mecanismo de ação do zika vírus no organismo e como ele causa malformações congênitas. A informação foi divulgada pelo Fantástico neste domingo.
Com células coletadas da urina de doadores, os cientistas criaram "minicérebros", estruturas de cerca de 2mm que simulam o cérebro de um embrião nos primeiros dias de desenvolvimento. Os minicérebros foram clonados, para que mantivessem as mesmas informações genéticas, e separados em dois grupos. Um deles foi infectado com o zika vírus.
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O que já se sabe sobre o zika vírus e o que ainda é dúvida
– Vamos comparar o grupo que recebeu o vírus com o que não recebeu, para ver as alterações que eventualmente possam vir a surgir da infecção. Essa comparação é que vai nos dar a certeza de que é o vírus zika que está alterando o cérebro em desenvolvimento – disse o neurocientista da UFRJ e do IDOR Stevens Rehen, em entrevista ao Fantástico.
O cientista espera que o estudo apresente resultados em até dois meses.
O Fantástico também revelou que têm sido registradas novas complicações associadas ao zika em bebês da Paraíba. Tratam-se da ventriculomegalia, dilatação dos ventrículos cerebrais que culmina no excesso de líquido no interior do cérebro, e da artrogripose, que é a contratura de musculatura e de articulações. Segundo a médica e pesquisadora Adriana Melo, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, bebês diagnosticados com essas doenças têm apresentado danos neurológicos ainda mais graves que os microcéfalos, indo a óbito na maioria das vezes.
O aparecimento dessas novas complicações tem levado os médicos a falar em síndrome congênita do zika, uma nova doença caracterizada por diversos sintomas neurológicos que vão muito além da microcefalia.