As secretarias de Saúde Pública do Rio Grande do Norte e do município de Natal informaram que uma investigação aprofundada foi iniciada, nesta terça-feira, naquela capital, para apurar a suspeita de morte por febre amarela urbana, que teria ocorrido em julho. A vítima é uma enfermeira de 53 anos, que vivia em área próxima ao Parque das Dunas, em Natal, e morreu com suspeita descartada de contaminação por dengue ou pelo vírus Zica.
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A secretaria estadual (Sesap) informou que, apesar de um dos exames feitos pelo Instituto Evandro Chagas, em Belém do Pará, e confirmado pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo, ter dado positivo para a presença do vírus da febre amarela, outro exame específico dos institutos, por meio de técnica de biologia molecular, chamado PCR, não detectou o vírus.
– A gente tem um exame positivo e outro sem a presença do vírus, mas as investigações que se iniciaram não encontraram um vínculo epidemiológico. Ou seja, uma explicação lógica para que essa pessoa tenha contraído a doença, como, por exemplo, ter viajado para áreas com registros de transmissão, como Tocantins e Goiás, onde eventualmente pessoas não vacinadas podem contrair a doença – explicou a sub-coordenadora de Vigilância Ambiental da Sesap, Cíntia Hirachi.
Segundo ela, o resultado positivo pode ter outras explicações.
– Por exemplo, se ela tiver tomado a vacina, recentemente ou há décadas, esse exame pode dar positivo em função do vírus da vacina. É uma hipótese. Por isso, uma das medidas do município de Natal é um levantamento nas unidades de saúde para saber se a vítima tomou a vacina, pois o cartão vacinal dela não foi encontrado.
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A investigação também inclui pesquisas sobre a presença do vírus em mosquitos e primatas da região, especialmente saguis.
– Normalmente, casos de febre amarela são associados à mortandade de primatas, que são animais que atuam como reservatório e podem sinalizar a presença da circulação do vírus – explicou a especialista.
Cíntia Hirachi esclareceu que a suspeita ainda não está descartada, mas que muitos questionamentos têm sido feito sobre a real possibilidade da transmissão ter ocorrido em Natal.
– Se fosse um caso daqui, transmitido na área urbana de Natal, teríamos outros casos associados. E não temos. É uma doença grave, que chamaria a atenção do sistema de saúde caso houvesse outras ocorrências – afirmou.
De acordo com o Ministério da Saúde, não existem evidências de transmissão do vírus em humanos, em Natal, desde 1930, e em outras áreas urbanas do Brasil, desde 1942.
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Por meio de nota, o Ministério da Saúde informou que "classifica o caso como suspeito até a conclusão das investigações, mas ressalta que não há evidências epidemiológicas que sugerem a transmissão do vírus da febre amarela no município, visto que, nos últimos seis meses, não há ocorrência de novos registros da doença."
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda transmitida por mosquitos. No continente americano são observados os ciclos de transmissão urbano e silvestre. O urbano tem o homem como principal hospedeiro, sendo o principal vetor o mosquito Aedes aegypti.
No ciclo de transmissão silvestre, o macaco é o principal hospedeiro do vírus e os vetores são espécies silvestres de mosquitos, principalmente dos gêneros Haemagogus e Sabethes.