Consumir dois ou mais copos de bebidas açucaradas diariamente está associado a um risco maior de insuficiência cardíaca entre os homens, revelou uma pesquisa publicada na revista científica Heart. Estima-se que essa doença afete mais de 23 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo mais comum entre homens e idosos.
Buscando avaliar uma possível ligação entre o consumo dessas bebidas - como refrigerantes, sucos e chás adoçados e achocolatados - e o risco aumentado de insuficiência cardíaca, pesquisadores analisaram a saúde de 42,4 mil homens suecos entre os anos de 1998 e 2010 por meio de dados do registro nacional daquele país. Todos os participantes tinham entre 45 e 79 anos quando ingressaram na pesquisa. Eles preencheram um questionário sobre seu consumo médio de 96 itens de comida e bebida.
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Não foi feita qualquer distinção entre as bebidas adoçadas com açúcar, frutose ou adoçante artificial. Frutas, sucos e chás naturais não foram incluídos na pesquisa. Os participantes foram monitorados por uma média de 12 anos, período em que foram diagnosticados 3.604 novos casos de insuficiência cardíaca e 509 voluntários morreram por causa da doença.
A pesquisa levou em consideração outros fatores que podem influenciar o desenvolvimento da doença e, a partir disso, concluiu que o consumo de duas ou mais porções diárias de bebidas açucaradas está associado a um risco 23% maior de desenvolver insuficiência cardíaca.
O consumo regular dessas bebidas tem sido associado a alterações na pressão sanguínea, nos níveis de insulina e nos marcadores inflamatórios, assim como ao ganho de peso - fatores que, por sua vez, estão relacionados a problemas como síndrome metabólica, diabetes, doenças cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC).
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Os pesquisadores destacam que esse foi um estudo de observação e, portanto, não é possível afirmar que as bebidas açucaradas causam insuficiência cardíaca - apenas encontrou-se uma relação entre o consumo e a doença. Além disso, a pesquisa analisou somente homens brancos e mais velhos, o que indica que os resultados podem não ser aplicáveis a outros grupos.
Em um editorial publicado na mesma revista científica, os professores Miguel Martínez-González e Miguel Ruiz-Canela, da Universidade de Navarra, na Espanha, enfatizaram que pessoas que consomem bebidas açucaradas em grande quantidade costumam ter uma alimentação pobre de forma geral, o que tende a ser determinante no desenvolvimento de doenças.
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"A associação já conhecida de bebidas adoçadas com obesidade e diabetes tipo 2, que são fatores de risco para insuficiência cardíaca, reforça que as conclusões da pesquisa são plausíveis", escreveram os professores.
Ainda segundo o editorial, "com base nos resultados do estudo, a melhor mensagem para uma estratégia de prevenção é recomendar o consumo ocasional de bebidas açucaradas ou evitá-las completamente".