Um estudo feito por pesquisadores do Instituto A.C. Camargo mostrou que o número de casos de câncer oral no mundo duplicou em pessoas com idades entre os 30 e 44 anos, principalmente entre os homens. O estudo, feito pela epidemiologista Maria Paula Curado, comparou o período de 2001 a 2010 ao de 1991 a 2000. A conclusão foi de que a incidência entre os homens nessa faixa etária subiu de quatro para dez casos a cada 100 mil habitantes. Entre as mulheres, o número passou de dois para cinco.
Casos de câncer tiveram aumento global significante
Estima-se que, neste ano, sejam diagnosticados cerca de 15 mil casos da doença no Brasil. Esse é o sétimo tipo de câncer mais comum no país - 70% a 80% dos diagnósticos ocorrem quando a doença já está em fase avançada, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). No mundo, a previsão é de 14 milhões de casos novos e de 8 milhões de mortes. Desses, o câncer de cavidade oral representa 300 mil casos novos (2,1%) e 146 mil mortes (1,8%), considerando ambos os sexos.
Luiz Paulo Kowalski, diretor de Cabeça e Pescoço do A.C. Camargo, afirma que esse tipo de câncer esteve historicamente associado a homens mais velhos, tabagistas e consumidores de álcool.
- O que mais preocupa é que alguns desses tumores em pacientes jovens estão associados à infecção pelo HPV em dois terços dos casos. Isso está sendo investigado, pois não temos nenhuma informação sobre quais são as reais causas nesses casos - explica Kowalski, também presidente do 5º Congresso da Academia Internacional de Câncer Oral, realizado recentemente em São Paulo.
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O especialista chamou a atenção para uma das ferramentas que poderiam ser usadas, a partir de agora, para prevenir a doença no futuro: a vacinação contra o HPV também para os meninos. O sistema de prevenção já é usado para meninas a partir dos 12 anos
- O que precisamos ter agora é um resultado satisfatório de redução da incidência e mortalidade pela doença. Se não começarmos agora, isso não vai acontecer - afirma Kowalski, ao alertar também que é preciso evitar contato com saliva e objetos de outras pessoas que possam estar contaminados.
Muitos dos diagnósticos são feitos mais tarde pois, em geral, as pessoas não percebem os sintomas, já que a doença não causa dor, sofrimento ou incômodo - principalmente na fase inicial. Kowalski ressaltou que é preciso ficar atento a lesões que durem mais do que duas ou três semanas. Feridas e caroços podem aparecer em qualquer ponto da boca, mas normalmente são observadas na língua ou embaixo dela.
- As lesões do câncer de boca podem ter aparência de lesões comuns. Por isso, as pessoas acabam achando que são coisas corriqueiras - explica o médico.
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O tratamento para a doença é a cirurgia e, para os casos mais avançados, o complemento com quimioterapia ou radioterapia. É possível remover tumores de tamanhos diferentes e fazer reconstruções que trazem uma boa reabilitação funcional e estética, embora existem avanços que trazem menos efeitos colaterais.
*Agência Brasil