A urina de animais, principalmente de ratos, é o vetor pelo qual a bactéria causadora da leptospirose infecta humanos. O contágio se dá pela ingestão ou penetração de água contaminada na pele. Por isso, são duas as principais ocasiões em que ocorrem surtos da doença: enchentes e problemas sanitários pontuais, como no caso de Rio Grande, onde um colégio foi interditado depois que quatro alunos foram diagnosticados com leptospirose.
O infectologista Luciano Goldani, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, destaca que a leptospirose é uma doença de notificação compulsória, ou seja, casos suspeitos devem ser imediatamente informados às autoridades sanitárias, para que se possa identificar a origem do contágio e evitar mais contaminações. O diagnóstico é confirmado pelo Laboratório Central do Estado, o Lacen.
- A mortalidade pode chegar a 50% dos casos, principalmente quando há sangramento no pulmão - diz Goldani.
Sangramento é o sintoma mais grave da doença, já na fase tardia. Podem ocorrer hemorragias no nariz, na boca, pela urina, fezes - ou nos pulmões. No estágio inicial, a leptospirose se manifesta com vermelhidão nos olhos ou o surgimento de pontos avermelhados na parte branca do olho, além de dores no corpo, especialmente na panturrilha e na região lombar da coluna. Febre alta, dor de cabeça, náusea e vômito também são comuns.
O tratamento deve começar logo após o aparecimento dos sintomas e leva entre cinco e sete dias, com uso de antibióticos - via oral na fase inicial e via endovenosa na fase final.
- É o tempo para o corpo eliminar o micro-organismo, mas não significa que não possa ocorrer alguma complicação, pois o sistema imune continua ativado - explica o médico.
Além da hemorragia pulmonar, meningite é uma das complicações possíveis da leptospirose. Quando curada, sequelas da doença são raras. As chances de cura variam entre 10 e 50%.