No Brasil, pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), envolvendo 5 mil homens, mostra que 51% dos brasileiros estão acima ou muito acima do peso e que 37% deles admitem o uso de remédio para ereção. Na avaliação do coordenador do Grupo Longevidade Saudável no Rio de Janeiro, o geriatra e endocrinologista Jorge Jamili, não há dúvida de que o aumento de casos de disfunção erétil está relacionado ao aumento da obesidade entre os brasileiros.
O endocrinologista explica que as alterações hormonais provocadas pela obesidade comprometem o equilíbrio do corpo humano. Levam a desajustes fisiológicos que podem afetar todos os órgãos e sistemas e, em consequência, a saúde e a qualidade de vida.
- O tecido adiposo hipertrofiado dos obesos produz uma excessiva quantidade da substância conhecida como leptina, que tem por finalidade sinalizar ao cérebro a saciedade produzida pelo alimento - explica.
Essa substância também estimula os hormônios sexuais na glândula hipófise, FSH (Hormônio Folículo Estimulante) e LH (Hormônio Luteinizante), responsáveis por comandar as células dos testículos para produzirem espermatozoides e testosterona, respectivamente. Segundo Jamili, a leptina exerce ação direta sobre as células de Leydig, localizadas nos testículos, onde produzem a testosterona, e as células de Sertoly, responsáveis pela produção de espermatozoides.
Repor testosterona não é o caminho
Para melhorar os níveis hormonais, o especialista diz que a saída não é repor a testosterona, sobretudo em homens mais jovens, e muito menos utilizar medicamentos para disfunção erétil.
- O que devemos fazer é evitar ou reverter a resistência leptínica, ou seja, emagrecer, para que os receptores de insulina respondam ao seu comando - recomenda.
Jamili diz que é preciso ter consciência de que, do ponto de vista do interesse do homem pela mulher, é preciso separar a questão relativa ao desempenho sexual decorrente da presença satisfatória da libido e da ereção propriamente dita. No caso do obeso, sob os dois pontos de vista, o desempenho sexual fica comprometido: tanto o desejo sexual como o desempenho mesmo, este diretamente ligado à ereção. E é, segundo ele, neste ponto que reside o problema:
- A utilização de medicamentos como o Viagra e similares promove a ereção, mas não melhora a libido - observa o médico.
O ideal é procurar fazer a correção hormonal, eliminando o desequilíbrio, o que levará à melhora dos dois aspectos. O endocrinologista chama a atenção para o fato de que a queda da testosterona produz efeitos devastadores não apenas no interesse e desempenho sexual, mas também na saúde e qualidade de vida dos homens.
- A testosterona é o hormônio que impulsiona o homem a concretizar suas metas. Sua redução no organismo está relacionada com depressão, queda do desempenho físico, falta de foco mental, diminuição do entusiasmo, sarcopenia (perda de massa magra), queda da resistência a doenças e de entusiasmo pela vida. Na realidade, ocorre aceleração do envelhecimento do corpo, da mente e da alma - alerta.