Ao redor da praça, carros ocupam todas as vagas para estacionar. Nos bancos e trilhas, nenhum pedestre. Esta é a cena que se vê ao chegar à Praça Japão, na zona norte de Porto Alegre, num dia qualquer. Com o crescimento das empresas no entorno, a região arborizada se transformou em um grande estacionamento durante o dia e um local escuro e perigoso quando anoitece.
Incomodado com essa percepção, o designer Gus Bozetti, 38 anos, criou uma causa em um site colaborativo para revitalizar a área verde. A proposta é que os moradores se apropriem do espaço, que ele e a esposa usam até mesmo para almoçar em dias de sol.
- A praça deve ser um local de convivência, um ponto de encontro, não de passagem - defende Bozetti.
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Sua primeira atitude em prol do projeto foi organizar, em parceria com outros voluntários, um piquenique na praça. Bateu de porta em porta, divulgou nas redes sociais e reuniu 200 pessoas na área verde em uma tarde de sábado. Agora, planeja realizar uma intervenção artística no espelho d'água - desativado e depredado - para chamar atenção para a necessidade de investir no local. Empresas das redondezas se propuseram a adotar partes da praça, para mantê-la limpa, organizada e arborizada.
- Além da preservação do meio ambiente, esse movimento tem um benefício social, pois você conhece seus vizinhos, cria vínculos e isso faz com que você se sinta mais seguro pelo bairro - comenta.
Na visão de Bozetti, Porto Alegre tem potencial para ser um local com imensa qualidade de vida, pois mistura aspectos deo velho e do novo, do interior e da metrópole. Fala com a autoridade de quem veio de Rio Grande, no sul do Estado, e já morou em São Paulo e também fora do país.
Medições da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) mostram que Porto Alegre tem 14,78 m² de vegetação para cada habitante, isso contando apenas as áreas municipais, como parques e praças. Contabilizadas regiões estaduais, federais e privadas, essa relação sobe para 50 m² por pessoa. A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 12 m². A contabilidade não inclui as 1,3 milhão de árvores da Capital.