Aos 44 anos, a supermodelo gaúcha Gisele Bündchen confirmou na segunda-feira (28) que está grávida do seu terceiro filho. Nesta faixa etária, a gestação exige cuidados especiais devido ao aumento dos riscos de complicações, tanto para a mãe quanto para o bebê.
A gravidez é tecnicamente classificada como avançada quando ocorre após os 35 anos, pela queda natural da fertilidade feminina. Apesar dos desafios, especialistas afirmam que é possível ter uma gestação saudável. Segundo a coordenadora de Assistência Materno-fetal da Santa Casa de Porto Alegre, Janete Vettorazzi, mesmo sendo considerada de risco, não significa, necessariamente, que haverá complicações.
— Precisamos avaliar os riscos de forma individual. Uma mulher com mais de 40 anos e boa saúde, por exemplo, pode ter um risco menor de complicações em comparação a outra com mais problemas de saúde — afirma.
Gravidez natural
Para mulheres acima de 40 anos, ainda é possível engravidar de forma natural, desde que estejam ovulando e não apresentem problemas de saúde reprodutiva.
No entanto, as chances diminuem drasticamente a partir dos 42 anos, com aumento no risco de aborto espontâneo. Uma mulher com 44 anos, como é o caso de Gisele, pode ter entre 30% e 40% de risco de aborto nos primeiros 90 dias.
— Enquanto a mulher estiver menstruando e ovulando, a chance de gravidez existe, mas é significativamente menor que a de uma mulher de 25 anos, por exemplo — ressalta Janete.
Aos 42 anos, a chance de engravidar em um ano é de aproximadamente 20%. Aos 45, esse número cai para menos de 10%.
Estilo de vida saudável é fundamental
A saúde individual da mãe influencia diretamente a segurança de uma gestação avançada. Manter uma dieta balanceada, peso adequado e a prática regular de atividades físicas diminui os riscos.
— A idade materna é apenas um dos fatores. A mulher com boa saúde pode ter uma gravidez segura, mesmo com idade avançada — explica Janete.
Complicações como hipertensão, diabetes gestacional e parto prematuro são mais comuns em gestantes de idade avançada. Assim, além de adotar um estilo de vida saudável, é fundamental um pré-natal personalizado, com exames que rastreiem precocemente qualquer alteração e consultas mais frequentes para monitoramento.
Tratamentos reprodutivos ampliam possibilidades
Caso a mulher queira postergar a maternidade, uma das opções é o congelamento de óvulos, que surge como uma solução para quem deseja ter uma maternidade tardia. Já quando a gravidez não ocorre após as tentativas naturais, a recomendação médica é buscar técnicas de medicina reprodutiva.
Conforme o doutor Eduardo Pandolfi Passos, chefe de Fertilidade e Reprodução Assistida do Hospital Moinhos de Vento, tratamentos como a fertilização in vitro (FIV) podem aumentar as chances, mas sempre levando em conta a idade e a redução da reserva ovariana.
— Na reprodução assistida, procuramos imitar o processo natural. Em casos de baixa quantidade de espermatozoides ou alterações nas trompas, a fertilização in vitro é uma alternativa, onde óvulos são coletados e fertilizados fora do útero — explica Passos.
Por meio da análise dos embriões, é possível identificar alterações cromossômicas antes da implantação, garantindo a transferência de embrião sem alterações e aumentando a chance de gestação, afirma o médico.
Ovodoação e indução hormonal
Se a mulher não responde bem à estimulação ovariana ou não produz óvulos em quantidade adequada, a ovodoação torna-se outra opção viável.
— O procedimento permite que óvulos doados sejam usados, podendo ser obtidos de familiares até quarto grau, fertilização compartilhada - onde um casal que faz fertilização doa metade de seus óvulos - ou banco de óvulos regulamentados — acrescenta Eduardo.
Há, ainda, a indução da ovulação, que visa corrigir a anovulação, feita por meio de medicações. Ela é indicada para estimular a produção de óvulos, seja para mulheres que não ovulam regularmente ou para as que precisam de um número maior de óvulos.
*Produção: Murilo Rodrigues