Com a proximidade do Dia das Crianças, em 12 de outubro, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou nesta quinta-feira (10) um estudo que faz um alerta: 12,2 milhões de crianças e adolescentes vivem sem acesso adequado ao esgotamento sanitário e 2,1 milhões sem acesso adequado a água no Brasil.
De acordo com os dados, os desafios de acesso a água e saneamento são mais severos no semiárido nordestino e na região amazônica. Em relação à cor/raça, quase 70% das crianças e adolescentes com acesso inadequado a esgotamento sanitário são pretas ou pardas. Além disso, 25% das crianças e adolescentes indígenas não têm acesso adequado a água e 48% vivem sem esgotamento sanitário.
Essas carências, concentradas principalmente em áreas mais vulneráveis, aumentam a desigualdade social, agravam a vulnerabilidade dessas crianças e adolescentes e, a longo prazo, implicam em consequências como impactos na saúde e baixo desempenho escolar, aponta o Unicef.
As informações foram obtidas a partir de análise com base no Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O acesso seguro a água e saneamento, para todas as crianças e adolescentes, é um direito humano, reconhecido pelas Nações Unidas desde 2010. Sua privação impacta diretamente o bem-estar e o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes, além de ampliar as desigualdades sociais, considerando a perspectiva da pobreza multidimensional”, defende Rodrigo Resende, Oficial de Água, Saneamento e Higiene do UNICEF no Brasil.
No mundo, cerca de 600 milhões de crianças viverão em áreas com extrema escassez de água até 2040, segundo estimativa do UNICEF, contida no relatório “Thirsting for a Future”.
Campanha com Ratinho do Castelo Rá-Tim-Bum
Para chamar a atenção sobre o tema, o UNICEF se une a um dos personagens mais queridos da televisão brasileira: o icônico Ratinho do programa Castelo Rá-Tim-Bum.
A ação recria uma das cenas mais memoráveis do programa, em que o personagem toma banho cantando sua famosa música. Desta vez, no entanto, ao abrir o chuveiro, ele se depara com uma dura realidade: a falta de água. A audiência será convidada a fazer doações para as ações de água, saneamento e higiene do UNICEF no Brasil, voltadas a escolas e comunidades vulneráveis. A cada doação, os participantes contribuirão para alcançar a meta que desbloqueará um novo clipe do personagem.
Sobre os dados
Os números contidos neste release utilizam como base o Censo Demográfico 2022, do IBGE. Para definir o acesso à água como “adequado ou inadequado”, o UNICEF utilizou o mesmo critério do IBGE, que considera “adequado” o acesso via rede geral de abastecimento, poço profundo ou artesiano, poço raso, freático ou cacimba, fonte, nascente ou mina; e “inadequado” o acesso à água por meio de carro pipa, armazenamento de água de chuva, de rios, açudes, córregos, lagos e igarapés, e outros.
Para definir o acesso a esgotamento sanitário como “adequado”, foi considerado rede geral, rede pluvial ou fossa ligada à rede, e fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede. Para “inadequado”, não ter banheiro nem sanitário, ter fossa rudimentar ou buraco, rio, lago, córrego ou mar, vala e outros.