Com o ritmo acelerado da vida profissional, muitos pais e mães enfrentam a dificuldade de conciliar trabalho e cuidados com os filhos.
Nessa rotina exigente, uma rede de apoio composta por familiares e amigos, incluindo avós, tios e padrinhos, torna-se essencial para auxiliar na criação e no desenvolvimento das crianças. É o que afirma Marcelo Borges Leite, psiquiatra especializado em Infância e Adolescência e médico cooperado da Unimed Porto Alegre.
Os avós, em particular, têm uma contribuição valiosa.
— Eles são importantes para o afeto e para ampliar a visão de mundo da criança. Por não terem o compromisso da educação e limites, podem dimensionar a visão da vida além do que pensam os pais — contextualiza.
Quem colabora com a rede de apoio possui alguns compromissos. E isso inclui atacar problemas. O médico exemplifica um grande vício da atualidade: o uso das telas.
Segundo ele, existe um limite de horas para que a criança possa ficar na frente de um computador ou de um celular. O especialista também ressalta a importância da consistência na comunicação dos valores e regras.
Atenção e afeto
Embora frequentemente o papel da mãe seja associado ao lado afetivo e o do pai à disciplina, o psiquiatra defende que ambos devem desempenhar papéis dinâmicos e complementares.
— Mães e pais devem ter sempre a visão de que o que realmente importa é a qualidade da atenção e do afeto, não necessariamente do tempo juntos disponibilizado. Pode acontecer de existir um modelo de mãe que se tenha projetado dentro de si, o que acaba sendo uma tremenda cobrança — diz.
As pressões, social e interna, sobre as mães para que estejam sempre presentes costuma ser mais intensa. Dados de março deste ano, do Instituto Datafolha, mostram que 69% dos brasileiros acreditam que as mulheres devem ser as principais cuidadoras de filhos recém-nascidos.
O psiquiatra observa que essas expectativas podem levar as mães a uma autocrítica severa. Ele recomenda que tanto pais quanto mães considerem a psicoterapia para lidar com essas pressões. E pondera: abrir mão da vida profissional não fará uma mãe ou um pai melhores.
Outra situação que pode afligir os pais é deixar os filhos o dia inteiro na escolinha, por insegurança em relação a esse ambiente. Em meio a esse dilema, os pais se sentem em dívida.
Mães e pais devem ter sempre a visão de que o que realmente importa é a qualidade da atenção e do afeto, não necessariamente do tempo juntos disponibilizado.
MARCELO BORGES LEITE
Psiquiatra especializado em Infância e Adolescência e médico cooperado da Unimed Porto Alegre
— O que importa é estar realmente presente, não é algo apenas físico, mas muito mais empatia e participação na vida do filho. Uma troca de afetos e parceria verdadeira de minutos têm mais valor do que 24 horas de distanciamento — ressalta.
No final das contas, a conexão precisa ser genuína.
— Mesmo com horas limitadas, você realmente olhou para seu filho ou sua filha? Sabe o que aconteceu durante o dia? É nessas horas que você vai conseguir aproveitar. Pode ser uma experiência muito rica.
* Produção: Padrinho Conteúdo