Academias são frequentemente procuradas por quem deseja manter uma rotina saudável. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no entanto, revelou que esses espaços podem estar equipados com aparelhos contaminados com diferentes tipos de sujeira.
Entre outubro e dezembro de 2023, a equipe de pesquisadores realizou 120 avaliações em relação à limpeza e à desinfecção das superfícies de duas academias, sendo uma pública e outra privada. Foram efetuadas 48 inspeções visuais, 48 testes de proteína e 28 análises de fluorescência.
Equipamentos mais contaminados das academias
- Leg press
- Halteres
- Máquina para agachamento hack
- Barra para agachamento
- Voador (para treino de peitoral)
O leg press e os halteres de 8kg foram identificados como os equipamentos mais contaminados do estudo.
Os resultados
- Inspeção visual: detectou suor e secreções. A sujeira estava visível em quase 96% dos equipamentos da academia pública, enquanto que, nas particulares, o número foi de 33%.
- Fluorescência: utilizou um produto florescente para simular a presença de germes nas superfícies. Os aparelhos leg press, halter de 8kg e voador apresentaram os piores resultados.
- Proteína: avaliou a presença de resíduos de proteínas na superfície. Os aparelhos mais contaminados foram a barra de agachamento, o halter de 8kg, a máquina para agachamento hack e o leg press.
Os riscos
Segundo o enfermeiro André Alvim, professor da UFJF e coordenador do estudo, a pesquisa conclui que as práticas de limpeza e desinfecção das academias precisam ser aprimoradas, de modo a garantir maior segurança àqueles que buscam realizar atividades físicas.
— As academias são ambientes importantes para a qualidade de vida, para afastar o sedentarismo. Mas também podem fornecerem riscos à saúde quando não são limpas adequadamente. Doenças como diarreia, Covid, gripe, micose e conjuntivite podem ser transmitidas por superfícies contaminadas — afirma o pesquisador.
Segundo Paulo Gewehr, médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre, a infecção por superfícies não é tão comum. Contudo, pode acontecer quando há pouco tempo entre os usos do equipamento por diferentes pessoas e, especialmente, quando há forte atrito ou machucados durante o desenvolvimento da atividade.
Outros fatores como pouca circulação de ar e lotação nos espaços de exercício podem propiciar o espalhamento de doenças respiratórias, adverte ainda Alessandro Pasqualotto, chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Porto Alegre.
Os cuidados
Por parte das academias
- Fornecer espaços adequados para treinos, incluindo ambientes limpos com frequência
- Disponibilizar toalhas para limpeza
- Disponibilizar álcool em gel em diferentes pontos do espaço
- Manter uma boa circulação de ar no local
Por parte dos usuários
- Evitar colocar as mãos na boca, no nariz ou nos olhos
- Higienizar os equipamentos antes do uso
- Utilizar toalhas para diminuir o contato com equipamentos eventualmente sujos
- Lavar as mãos antes e depois da prática de exercício
- Não frequentar academias quando se está doente, de modo a não prejudicar outras pessoas
- Uso de roupas adequadas para exercícios e limpas com frequência
*Fonte: Paulo Gewehr, médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento, e Alessandro Pasqualotto, chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Porto Alegre.