O número de mortes pela gripe no Rio Grande do Sul aumentou 22% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. Em 2024, 153 pessoas morreram pela doença entre janeiro e julho, contra 125 óbitos do ano passado.
Também foram registradas mais internações de pacientes com gripe. Em 2023, foram 969 hospitalizações. Já neste ano, foram 1.323 internações, o que representa um aumento de 36,5%.
Conforme a Secretaria Estadual da Saúde (SES), os dados preocupam e servem como alerta para a população buscar a vacinação contra a influenza. O último balanço aponta que 2,6 milhões de doses foram aplicadas. O número representa apenas cerca de 50% da remessa recebida pelo Estado.
— Nos preocupa muito porque, na verdade, a campanha nacional de vacinação contra influenza, no início, ela estava direcionada para grupos prioritários, né? Com a baixa procura, o Ministério da Saúde resolveu ampliar para a população de forma universal. E mesmo assim, com essa ampliação, a gente ainda observa uma baixa procura. Se abriu para que a gente pudesse ter o maior número de pessoas imunizadas, protegidas e, dessa forma, quebrar aí a cadeia de transmissão, já que estamos falando de um vírus respiratório, então, é transmissão de pessoa para pessoa — explica Tani Ranieri, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) da SES.
A campanha de imunização começou em março para o público-alvo e foi ampliada em maio para a população em geral. Nos grupos prioritários, em que a meta é de 90%, a cobertura vacinal chega a 46%.
— A gente sente muito que, principalmente, aqueles grupos de maior vulnerabilidade também não tiveram uma grande cobertura, né? Então, crianças e os idosos, que são aqueles que a gente tem, na verdade, um maior número de casos graves, de hospitalizações,a gente também não teve uma boa procura. A maioria dos estados brasileiros também não teve uma boa cobertura. Eu acho que não chegou a 50%. — ressalta Tani Ranieri.
As vacinas contra a gripe estão disponíveis nos postos de saúde de todos os municípios gaúchos para a população a partir de seis meses de idade.
A maior parte dos casos graves e óbitos registrados pela doença são de idosos e de pessoas com comorbidades, como pacientes que possuem doenças crônicas respiratórias, cardíacas e imunológicas.
A avaliação da SES mostra que há, neste ano, uma maior circulação do vírus de forma antecipada quando comparado com o ano passado, mesmo antes da chegada do frio. A tendência, conforme estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é que ainda haja uma elevação no número de casos no Rio Grande do Sul, enquanto há estabilidade ou queda nas demais regiões.
— Agora estamos realmente com o frio. O que acontece? As pessoas acabam se expondo mais e acabam também em ambientes mais fechados. Há possibilidade maior de contaminação do vírus entre as pessoas. Então, fazer a vacinação é fundamental. A gente tem muita variação de temperatura ao longo do dia — considera a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde.
Além da gripe, a SES também segue monitorando os casos de covid-19. A avaliação do governo do Estado é que a circulação do vírus permanece alta.
— A procura pela vacina dessa nova variante, que é a variante que está em maior prevalência no mundo e que é a vacina que está sendo disponibilizada agora pelo Ministério da Saúde, do laboratório Moderna, também está tendo uma baixa procura pela população. Então, nós estamos falando em duas vacinas, que protegem contra dois agravos de transmissão respiratória, duas doenças respiratórias, que são as doenças mais prevalentes agora nessa época do ano.