Um novo estudo sugere que a cafeína pode ser benéfica para retardar a progressão da doença de Alzheimer em pacientes em fase inicial. Diferentes estudos epidemiológicos já indicavam que o consumo regular e moderado de cafeína parece desacelerar o declínio cognitivo relacionado ao envelhecimento e ao risco de desenvolver a doença de Alzheimer.
Esta doença é caracterizada por problemas de memória, funções executivas e orientação no tempo e no espaço. Em um novo estudo, publicado nesta sexta-feira (5) na revista "Brain", pesquisadores do centro de pesquisa francês Lille Neuroscience and Cognition analisaram os mecanismos que provocam o desenvolvimento da doença.
A cafeína influencia os receptores localizados nos neurônios que promovem a perda de sinapses. Quando estes receptores aumentam de forma anormal, isto por sua vez contribui para o desenvolvimento precoce de problemas de memória em animais que sofrem de Alzheimer.
Em 2016, a mesma equipe de pesquisa descreveu um dos mecanismos pelos quais a cafeína poderia bloquear estes mesmos receptores em animais.
— Podemos imaginar que, ao bloquear esses receptores, cuja atividade é maior em pacientes com Alzheimer, a cafeína poderia prevenir o desenvolvimento de problemas de memória e até de outros sintomas cognitivos e comportamentais — disse David Blum, diretor de pesquisa do Inserm (Instituto Francês de Saúde e Pesquisa Médica), um dos autores do estudo.
Os especialistas estão atualmente realizando um ensaio clínico no Centro Hospitalar Universitário de Lille, com 248 pacientes. Metade dos pacientes receberá 400 miligramas de cafeína e a outra metade um placebo.
Seu objetivo é avaliar o efeito da cafeína nas funções cognitivas de pacientes com formas precoces a moderadas da doença de Alzheimer.
— Se o ensaio for positivo, isso nos encorajará a lançar um ensaio maior. Potencialmente, isso poderia significar que a cafeína pode ser usada como medicamento para tratar esta doença — disse ele à AFP.