Surtos de coqueluche voltaram a preocupar autoridades da saúde em diversas partes do mundo em 2024, inclusive, no Brasil. A doença é uma infecção respiratória e transmissível causada pela bactéria Bordetella pertussis, que atinge pessoas de todas as idades, mas é mais danosa para crianças, nas quais as complicações podem incluir infecções de ouvido, pneumonia e desidratação no cenário mais grave.
Em maio, a União Europeia informou a ocorrência de 32 mil casos em 17 países entre janeiro e março. Já o Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China divulgou outros 32 mil casos e 13 mortes no ano. No Brasil, o Estado de São Paulo teve aumento de 768,7% nos seis primeiros meses de 2024, na comparação o mesmo período de 2024, saindo de 16 para 139 confirmações da doença.
O Rio Grande do Sul contabiliza 14 registros neste ano; foram 23 em 2023, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES) informados a GZH nesta terça-feira (18). Há outros três em investigação. O ano com mais casos no Estado foi em 2012: 772 infecções e oito óbitos. A última morte por conta da doença em solo gaúcho foi contabilizada em 2018. No cenário nacional, foram registrados 617 casos e nenhuma morte entre 2021 e 2023.
A coqueluche tem como principal característica a tosse seca.
— A bactéria pode infectar pessoas de todas as idades, mas o grande perigo ocorre em bebês. Nos casos mais graves, ela pode levar à internação em UTI e óbito. Quanto menor a criança, maior a chance de um quadro sério — diz Marcelo Comerlato Scotta, infectologista pediátrico do Hospital Moinhos de Vento.
A maioria dos pacientes consegue se recuperar sem sequelas. Em crianças, porém, as complicações podem incluir infecções de ouvido, pneumonia e desidratação no cenário mais grave.
A transmissão é mais comum no contato com o infectado por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou mesmo na fala. Os sintomas costumam aparecer a partir da infecção, mas podem demorar entre cinco e 10 dias.
A importância da vacinação
Segundo o Ministério da Saúde (MS), a vacina contra a coqueluche (DTP) é o principal modo de controlar a doença. O imunizante está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). O esquema vacinal primário é composto por três doses: aos dois, quatro e seis meses, além dos reforços aos 15 meses e quatro anos. Também há imunizantes para gestantes, puérperas e de profissionais da área da saúde (DTPA).
— Em muitas casos, o adulto é o portador da bactéria e acaba não tendo o quadro característico e transmitindo a doença para as crianças pequenas. O imunizante para gestantes ajuda a evitar a coqueluche em recém-nascidos: com a vacina, o bebê recebe os anticorpos da mãe, o que ajuda a protegê-lo na idade precoce — acrescenta o médico.
Scotta afirma que a falta de imunização é o que tem mais influência na disparada de casos. No RS, a cobertura vacinal contra a doença está abaixo de 95%, meta do Ministério da Saúde. Os percentuais alcançados em 2024 no Estado são estes:
- Menores de um ano: 79,7%
- Maiores de um ano: 72,2%
- Adultos: 66,8%
Na maioria dos casos, a coqueluche tem sinais e sintomas similares ao resfriado, que podem durar de seis a 10 semanas. Entre eles estão o mal-estar, corrimento nasal, tosse seca e febre. A infecção pode ser confirmada por coleta de material nasofaringe e PCR. Hemograma e raio-X de tórax também são auxiliares na detecção. O tratamento da doença é feito com antibióticos.