O Hospital Mãe de Deus deve voltar a receber pacientes na primeira semana de junho, segundo estimativa da direção informada a GZH nesta sexta-feira (17). A instituição ainda faz os cálculos dos prejuízos, mas o dano causado pela cheia do Guaíba é estimado em pelo menos R$ 30 milhões.
O centro de saúde foi afetado pela enchente a partir do dia 3, situação que resultou nos acessos bloqueados pela água e 278 pacientes transferidos para outros hospitais. A área mais atingida é a do subsolo – acessada pela Rua José de Alencar, no bairro Menino Deus.
— Estamos no processo de fazer toda a sucção da água no local e também há o trabalho de retirar a lama. Quando concluída essa parte, vamos começar com o hidrojateamento, para limpar todo o subsolo, calçada, a frente e os fundos do hospital — resume João Baptista, diretor-executivo corporativo da Associação Educadora São Carlos (AESC), mantenedora da instituição.
Segundo o Mãe de Deus, o processo de limpeza, desinfecção e restauração tem como base o modelo de boas práticas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, da sigla em inglês), dos Estados Unidos, estabelecido para situações de enchentes como as ocorridas após a passagem do furacão Katrina, ocorrido no país norte-americano em 2005. O trabalho segue também protocolos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O andar atingido comportava estruturas importantes para os serviços, como o pronto-atendimento em traumatologia, Espaço Mãe 360, ambulatório de curativos e pequenos procedimentos, laboratório, além de espaços de restaurante, cafeteria e farmácia. Os profissionais do hospital conseguiram acessar a estrutura apenas na última segunda-feira (13), quando a água baixou.
— Não conseguimos tirar alguns equipamentos como raio-X, macas, mesas cirúrgicas e todo o mobiliário. Vamos rever a parte de energia elétrica inteira, porque a subestação foi diretamente atingida. Nossos geradores também ficaram submersos. O sistema de bombeamento de água potável e para esgoto também foi prejudicado. Esses R$ 30 milhões representam uma estimativa inicial do prejuízo, porque esse valor pode ser maior — comenta o diretor-executivo do Mãe de Deus.
Segundo ele, equipes especializadas devem sinalizar, durante o fim de semana, quanto a instituição deverá investir para recuperar a infraestrutura. Conforme o hospital, o Mãe de Deus realiza 1,5 mil atendimentos por dia e comporta em torno de 300 pacientes; a capacidade de operação deve ser retomada em etapas durante o próximo mês.
— O Mãe de Deus parado representa menos 1,5 mil atendimentos por dia, o que sobrecarrega os hospitais da cidade. Além disso, ele é o grande gerador de recursos de toda a nossa instituição, que tem outros dois hospitais que atendem pelo SUS (Santa Ana, na Capital, e Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa). Por isso estamos trabalhando para que a operação retorne o mais breve possível — finaliza Baptista.
Atendimentos restabelecidos
Segundo o Mãe de Deus, no momento, a Unidade Carlos Gomes – Rua Soledade, 569, bairro Petrópolis – é a que recebe pacientes em emergência traumatológica, com horário de funcionamento estendido: das 8h às 22h, também aos fins de semana e feriados. No local, que possui bloco cirúrgico, são realizados também procedimentos não eletivos.
Pessoas que faziam hemodiálise no hospital também foram redirecionados para a Unidade Carlos Gomes. Já os pacientes oncológicos têm tido o tratamento quimioterápico reagendado para a Unidade de Radioterapia, localizada na Rua Orfanotrófio, 299, no bairro Cristal, zona sul de Porto Alegre.